Descrição de chapéu oriente médio

Emirados Árabes mudam configuração de dias da semana para se alinhar a mercados globais

A partir de 2022, domingo deixa de ser dia útil; medida visa atrair investimentos estrangeiros e tornar país mais competitivo

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Dubai | Reuters

Os Emirados Árabes Unidos anunciaram nesta terça-feira (7) uma importante mudança na configuração de seu calendário semanal para alinhar a economia com os mercados globais.

A partir de 1º de janeiro de 2022, o país terá uma semana com quatro dias e meio úteis e um fim de semana que vai da tarde de sexta-feira a domingo. Atualmente, o fim de semana no país abrange a sexta e o sábado, e o domingo é considerado dia útil.

A mudança faz parte de medidas que os Emirados, um importante produtor de petróleo e um polo comercial e turístico da região, vêm tomando desde o ano passado para tornar sua economia mais atraente a investimentos estrangeiros num momento de crescente rivalidade com a Arábia Saudita.

Vista do Burj Khalifa, maior prédio do mundo, no centro de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos - Mohammed Salem - 30.set.21/Reuters

Segundo o comunicado das autoridades locais, a semana de trabalho para entidades governamentais vai começar na segunda-feira e terminar ao meio-dia de sexta, antes das tradicionais orações muçulmanas —76% da população dos Emirados se declara seguidora do islamismo, e as sextas-feiras, além de serem consideradas sagradas, são também um feriado semanal em alguns países de maioria muçulmana.

O governo do país disse que a mudança deve melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional para os trabalhadores, ao mesmo tempo que "garantirá transações financeiras, comerciais e econômicas suaves com os países que seguem o fim de semana de sábado e domingo".

O principal objetivo, ainda de acordo com o comunicado, é facilitar "vínculos de negócios internacionais mais fortes e oportunidades para milhares de empresas multinacionais dos Emirados Árabes Unidos".

Para Mohammed Ali Yasin, diretor de estratégia da empresa Al Dhabi Capital, o setor financeiro deve se beneficiar da mudança com a possibilidade de fazer acordos de pagamento simultâneos com mercados desenvolvidos. Ele também prevê um impacto positivo sobre a indústria do turismo.

Já a economista Monica Malik, do Banco Comercial de Abu Dhabi, disse esperar que muitas empresas do setor privado dos Emirados Árabes Unidos também adotem a nova configuração do calendário. Para ela, a mudança, aliada a outras reformas recentes, é capaz de gerar um "desenvolvimento muito significativo".

Parte dessas reformas foi anunciada pelas autoridades no final de novembro. A partir de janeiro de 2022, entra em vigor nos Emirados um novo código penal, resultado do que vem sendo considerado a mais ampla transformação da história do país em seu sistema legal. Segundo a agência de notícias estatal, 40 leis serão modificadas. O anúncio oficial, no entanto, não deixou claro o que haverá de novidade de fato, visto que algumas mudanças já haviam sido relatadas anteriormente.

Haverá novas regras, por exemplo, destinadas a oferecer mais proteção a mulheres, a empregados domésticos e à segurança pública. Antes desse anúncio, as principais mudanças incluíram a descriminalização do consumo de álcool e do sexo antes do casamento.

No segundo caso, a reforma mais recente acrescenta mais clareza aos status das relações sexuais pré-matrimoniais e dos filhos nascidos delas. "Qualquer casal que conceber um filho fora do casamento terá que se casar ou reconhecer a criança, isoladamente ou em conjunto, e fornecer documentos de identidade e de viagem de acordo com as leis do país do qual um dos pais é nacional", disse o comunicado, acrescentando que pode haver pena de dois anos de prisão em caso de violação.

Os Emirados Árabes Unidos completaram 50 anos no último dia 2 em plena expansão de seu poder regional. O projeto do país reflete a consolidação de um dos pontos mais paradoxais de todo o Oriente Médio, porque é o resultado de uma combinação inusitada de tolerância religiosa e intolerância política, de um cenário futurista de arranha-céus impossíveis de Dubai e da onipresença da areia em cada pedaço de solo que não está coberto pela intervenção humana.

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