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'Pais de pet' recorrem a jatos particulares a R$ 140 mil para sair de Hong Kong

Restrições impostas no território devido à política de Covid zero limitam serviços aéreos comerciais

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Thomas Hale Primrose Riordan
Hong Kong | Financial Times

Moradores que têm deixado Hong Kong estão fretando jatos particulares para seus animais de estimação —a única maneira que muitos deles encontram de levar seus pets consigo, já que restrições impostas pela pandemia reduziram o espaço de carga em voos comerciais.

Com a política de Covid zero no território levando a um aumento nas taxas de frete e a cancelamentos de voos, grupos contrataram jatos particulares a um custo aproximado de 200 mil dólares de Hong Kong (cerca de R$ 140 mil) por passageiro, com seu pet, segundo companhias e pessoas que aderiram à ideia.

"Há uma enorme demanda", diz Chris Phillips, gerente de fretes médicos e de pets na Air Charter Service, uma agência de jatos privados. "As pessoas querem levar seus pets de volta [para seus países de origem], seus gatos, cachorros e coelhos, e simplesmente não podem fazê-lo pelas companhias comerciais."

Cachorro em jato executivo particular para o transporte de animais em Hong Kong - Pet Holidays HK no Facebook

As autoridades de Hong Kong proibiram neste mês os voos de passageiros com origem de oito países, como parte das duras políticas para a eliminação do coronavírus, causando uma onda de cancelamentos de voos e levando as empresas aéreas a acompanhar as mudanças de regulamentos.

O rígido regime de quarentena no território autônomo chinês está levando alguns moradores estrangeiros a abandonarem a cidade, enquanto um número crescente de cidadãos locais se inscrevem em esquemas de imigração montados por Reino Unido, Austrália e Canadá após a inquietação política em 2019.

Os esforços de Hong Kong para conter o vírus se estenderam aos animais de estimação, com o governo tendo exterminado mais de mil hamsters no último fim de semana e colocado em quarentena cerca de 150 visitantes de lojas de animais —por temer a transmissão de animais para humanos.

A população do território caiu 1,2% no primeiro semestre de 2021, de acordo com os últimos registros do Censo. Os que podem pagar estão levando seus pets, mas isso fica cada vez mais difícil diante da escassez de voos, causando a demanda por jatos privados. "Há essa nova moda de fretamento em grupo, em que as pessoas se unem e tentam combinar uma data para partir", diz Phillips.

Steve Pheby, consultor da agência Ferndale Kennels and Cattery, afirma que antes da pandemia seu negócio era geralmente equilibrado entre importação e exportação de pets, mas que agora se baseia de 90% a 95% em exportações. Segundo ele, transportar um labrador e seu dono até o Reino Unido pode custar até 150 mil dólares de Hong Kong (R$ 105 mil). "O que causa tristeza é que para muita gente o cachorro faz parte da família, eles se esforçam para pagar essas tarifas extremamente altas."

A Pet Holidays, sediada em Hong Kong, disse ter organizado 18 jatos privados no ano passado para transportar animais —com voos principalmente para Reino Unido, Canadá, Taiwan e Singapura—, contra nenhum em 2020. A agência espera fretar outros 20 voos privados do tipo neste ano, com cerca de um terço desses clientes migrando de empresas aéreas comerciais.

Ada Lo, da Dog Express, conta que a companhia já agendou três voos privados para o Reino Unido nos próximos meses, e Gary Costello, da operadora britânica PBS International Freight, relata "um grande aumento" na demanda por moradores de Hong Kong.

A professora Annett Schirmer afirma que pretende se mudar para a Europa em maio e está tentando arranjar pelas redes sociais um voo para seus três cães e um gato. "Os voos [comerciais] são frequentemente cancelados em cima da hora, o que torna tudo muito difícil, porque os animais precisam ter a papelada e os exames veterinários feitos num certo período antes da viagem."

Outra empresa de aviação executiva, a Top Stars Air diz que hoje recebe cerca de 20 pedidos de orçamento desse tipo por dia. Já há um voo marcado para Londres em fevereiro, para seis pessoas e sete pets —o jato que os buscará em Hong Kong vai partir de Dubai, e a tripulação não poderá desembarcar, devido às rígidas exigências de quarentena no território.

Bianca Ho se mudou com seu cão Caviar, 5, para o Reino Unido em um jato fretado depois de esperar mais de seis meses por um lugar numa companhia tradicional. "Além da demora, estávamos preocupados com a possibilidade de deixar o cão no compartimento de bagagens por 12 a 13 horas. Ele é muito emotivo e sensível", diz. "Mesmo sendo muito caro para nós, foi uma experiência especial."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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