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Favorito em eleição na Colômbia se desculpa por estar bêbado em discurso

Vídeo de evento de campanha sobre 'bandeiras vermelhas' viralizou nas redes sociais e foi criticado por rivais

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Bogotá | AFP

O economista Gustavo Petro, líder nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da Colômbia, desculpou-se por ter discursado sob efeito de álcool em um comício em Girardot, cidade a 140 quilômetros da capital Bogotá, na segunda-feira (7).

Vídeos com a fala do político de esquerda viralizaram nas redes sociais, com fortes críticas de seus rivais. Nesta terça (8), Petro pediu desculpas em uma publicação no Twitter e atribuiu sua condição ao jet lag depois de uma viagem à Europa.

"É verdade que com o cansaço da viagem à Europa e a mudança de horário me caiu mal uma bebida que tomei antes do compromisso em Girardot. Peço desculpas a quem assistiu ao ato, que quis cumprir apesar do meu cansaço", escreveu.

Gustavo Petro após se registrar como candidato presidencial, em janeiro
Gustavo Petro após se registrar como candidato presidencial, em janeiro - Juan Pablo Pino - 21.jan.22/AFP

Petro já foi prefeito de Bogotá, senador e candidato presidencial —em 2018, ele chegou ao segundo turno e perdeu para o atual mandatário, Iván Duque. Em um dos trechos do ato de campanha que viralizou nas redes, ele gesticula e discursa com a voz claramente enrolada: "Que de novo as bandeiras vermelhas sejam levantadas! Que essa cidade possa ser chamada de novo de capital vermelha da Colômbia".

E continua, com críticas a Duque: "Como fazer isso? Se votaram em um líder... Se votaram em [Iván] Duque? Se a realidade foi a destruição econômica do território... Se na realidade a população de Girardot foi condenada à pobreza?".

Adversários políticos se aproveitaram do episódio para criticar Petro, favorito para o pleito, que terá o primeiro turno disputado em 29 de maio.

O conservador Óscar Iván Zuluaga, aliado do ex-presidente de direita Álvaro Uribe, escreveu no Twitter: "Alguns políticos se embriagam com o poder, outros parece que antes disso... Imaginam o que seria de Gustavo Petro na Presidência?"

"Supostamente os bêbados dizem a verdade. 'Que de novo as bandeiras vermelhas se levantem', disse Gustavo Petro, bêbado de poder. Alguma dúvida do que se passaria na Colômbia se ele chegar a ganhar?", cutucou María Fernanda Cabal, do Centro Democrático, partido governista.

Gustavo Petro foi filiado do M-19, guerrilha urbana com atuação entre as décadas de 1970 e 1990. Depois desse período, o grupo se tornou um partido (Aliança Democrática) e elegeu parlamentares para ajudar a redigir a Constituição de 1991.

O M-19 foi responsável por um episódio dramático da violência política colombiana, quando invadiu o Palácio da Justiça, em Bogotá, em 1985. Mais de 50 pessoas morreram no ataque, incluindo juízes da Corte Suprema.

Apesar do discurso saudoso e ébrio de um retorno vermelho e da provocação dos rivais, Petro lidera as sondagens ostentando um verniz algo moderado, mais à centro-esquerda. Ele está à frente do chamado Pacto Histórico, coalizão de partidos e movimentos sociais.

Em entrevista ao jornal El País em setembro de 2021, o candidato afirmou que "sempre desconfiou" do venezuelano Nicolás Maduro e que a "necessidade da sociedade colombiana não é construir o socialismo, mas democracia e paz, ponto final".

Assim, caso se eleja, ele deve se inserir em uma nova onda de líderes latino-americanos desse campo político que buscam se afastar de ligações com ditaduras como as da Venezuela e da Nicarágua.

A viagem da semana passada a que se referiu Petro como justificativa para a embriaguez foi uma turnê pela Europa, onde se encontrou com líderes europeus, além do papa Francisco, no Vaticano.

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