O economista Gustavo Petro, líder nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da Colômbia, desculpou-se por ter discursado sob efeito de álcool em um comício em Girardot, cidade a 140 quilômetros da capital Bogotá, na segunda-feira (7).
Vídeos com a fala do político de esquerda viralizaram nas redes sociais, com fortes críticas de seus rivais. Nesta terça (8), Petro pediu desculpas em uma publicação no Twitter e atribuiu sua condição ao jet lag depois de uma viagem à Europa.
"É verdade que com o cansaço da viagem à Europa e a mudança de horário me caiu mal uma bebida que tomei antes do compromisso em Girardot. Peço desculpas a quem assistiu ao ato, que quis cumprir apesar do meu cansaço", escreveu.
Petro já foi prefeito de Bogotá, senador e candidato presidencial —em 2018, ele chegou ao segundo turno e perdeu para o atual mandatário, Iván Duque. Em um dos trechos do ato de campanha que viralizou nas redes, ele gesticula e discursa com a voz claramente enrolada: "Que de novo as bandeiras vermelhas sejam levantadas! Que essa cidade possa ser chamada de novo de capital vermelha da Colômbia".
E continua, com críticas a Duque: "Como fazer isso? Se votaram em um líder... Se votaram em [Iván] Duque? Se a realidade foi a destruição econômica do território... Se na realidade a população de Girardot foi condenada à pobreza?".
Adversários políticos se aproveitaram do episódio para criticar Petro, favorito para o pleito, que terá o primeiro turno disputado em 29 de maio.
O conservador Óscar Iván Zuluaga, aliado do ex-presidente de direita Álvaro Uribe, escreveu no Twitter: "Alguns políticos se embriagam com o poder, outros parece que antes disso... Imaginam o que seria de Gustavo Petro na Presidência?"
"Supostamente os bêbados dizem a verdade. 'Que de novo as bandeiras vermelhas se levantem', disse Gustavo Petro, bêbado de poder. Alguma dúvida do que se passaria na Colômbia se ele chegar a ganhar?", cutucou María Fernanda Cabal, do Centro Democrático, partido governista.
Gustavo Petro foi filiado do M-19, guerrilha urbana com atuação entre as décadas de 1970 e 1990. Depois desse período, o grupo se tornou um partido (Aliança Democrática) e elegeu parlamentares para ajudar a redigir a Constituição de 1991.
O M-19 foi responsável por um episódio dramático da violência política colombiana, quando invadiu o Palácio da Justiça, em Bogotá, em 1985. Mais de 50 pessoas morreram no ataque, incluindo juízes da Corte Suprema.
Apesar do discurso saudoso e ébrio de um retorno vermelho e da provocação dos rivais, Petro lidera as sondagens ostentando um verniz algo moderado, mais à centro-esquerda. Ele está à frente do chamado Pacto Histórico, coalizão de partidos e movimentos sociais.
Em entrevista ao jornal El País em setembro de 2021, o candidato afirmou que "sempre desconfiou" do venezuelano Nicolás Maduro e que a "necessidade da sociedade colombiana não é construir o socialismo, mas democracia e paz, ponto final".
Assim, caso se eleja, ele deve se inserir em uma nova onda de líderes latino-americanos desse campo político que buscam se afastar de ligações com ditaduras como as da Venezuela e da Nicarágua.
A viagem da semana passada a que se referiu Petro como justificativa para a embriaguez foi uma turnê pela Europa, onde se encontrou com líderes europeus, além do papa Francisco, no Vaticano.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.