Descrição de chapéu China Ásia

Agência de aviação da China deleta post e diz que 2ª caixa-preta de avião que caiu não foi achada

Dispositivo pode ajudar a entender circunstâncias da tragédia que intriga especialistas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pequim | Reuters

Pouco depois de a Administração da Aviação Civil da China (CAAC), órgão que regula o setor no país, anunciar que havia encontrado a segunda caixa-preta do avião que caiu na última segunda (21), a agência de notícias oficial do regime chinês negou a informação.

Na sequência, segundo a Reuters, o jornal da CAAC apagou de suas contas nas redes sociais o texto em que dizia que o objeto havia sido encontrado. De acordo com o noticiado pela Xinhua nesta sexta (25) —ainda final de noite de quinta (24) no Brasil—, o gravador de dados de voo continua a ser procurado.

Na quarta-feira (23), as equipes recuperaram a primeira caixa-preta da aeronave, o gravador de voz da cabine. Ela foi levada para Pequim para análises e, ainda que estivesse "severamente danificada" do lado de fora, parecia ter sua unidade de memória preservada e intacta.

Equipe de resgate trabalha no local onde caiu o avião
Equipe de resgate trabalha no local onde caiu o avião - Lu Boan - 24.mar.22/Xinhua

As caixas-pretas registram informações cruciais para entender o que pode ter provocado o acidente, como as conversas entre o piloto e a tripulação e os dados técnicos do voo, que dão indícios de possíveis problemas mecânicos.

O Boeing 737-800 da China Eastern Airlines partiu da cidade de Kunming com destino a Guangzhou, com 132 pessoas a bordo, e caiu em uma área montanhosa próxima a Wuzhou na segunda-feira. Centenas de bombeiros, militares, médicos e voluntários foram mobilizados para buscar vestígios dos passageiros e as caixas-pretas.

Na quinta, as equipes disseram ter encontrado peças do motor, parte de uma asa e outros "detritos importantes" na encosta da montanha em Guangxi. Uma peça de 1,2 metro de comprimento foi encontrada a mais de 10 quilômetros do local principal da queda, o que levou à ampliação da área vasculhada.

A aeronave caiu em um ângulo quase vertical e perdeu 8 km de altitude em menos de dois minutos, em circunstâncias que intrigam especialistas.

A possível confirmação das mortes de todos os 123 passageiros e 9 integrantes da tripulação transformaria o acidente de avião no pior desde 1994 na China, onde a segurança aérea é considerada muito boa por especialistas. De acordo com a CAAC, todas as pessoas a bordo eram cidadãos chineses.

O porta-voz do órgão regulador reiterou que não há motivos para atribuir a queda do Boeing a alguma condição climática adversa. Registros meteorológicos na ocasião do acidente apontam que havia nebulosidade no trajeto percorrido, mas não a ponto de prejudicar a visibilidade.

Reportagem desta sexta do jornal americano The New York Times reforçou que o mistério em relação à queda é ainda maior quando se leva em conta o histórico dos pilotos —dois veteranos que tinham mais de 39 mil horas de experiência, o equivalente a quatro anos e meio sem escalas na cabine.

Autoridades da China Eastern descreveram a tripulação como não tendo problemas de saúde ou falhas em seus registros. Seu desempenho anterior foi "muito bom", disse Sun Shiying, presidente da filial de Yunnan da empresa.

A lista de tripulantes não foi divulgada, mas o jornal estatal Ta Kung Pao e a revista Phoenix, de Hong Kong, identificou o piloto como Yang Hongda e o primeiro copiloto como Zhang Zhengping.

Zhang, nascido em 1963, era um dos pilotos mais experientes da China, de acordo com um perfil de 2018 do jornal CAAC News. Ao longo de sua carreira como piloto comercial, voou quatro modelos de aeronaves, incluindo Boeings, e acumulou 31.769 horas de experiência de voo.

O texto ainda o descreve como "mentor de jovens capitães e testemunha do rápido crescimento da indústria de aviação de Yunnan". Um de seus apadrinhados era Yang. Filho de um piloto da China Eastern, ele progrediu constantemente na empresa, segundo a Phoenix, e começou a voar modelos 737 em 2018.

Um segundo copiloto com 556 horas de experiência estava no avião. Os três tinham certificados de saúde válidos e atendiam a todos os outros requisitos para voar, disse a companhia aérea. Suas "condições familiares eram estáveis", segundo Sun.

Especialistas ouvidos pelo NYT disseram que uma derrubada intencional do avião sempre faz parte de qualquer investigação, mas que é prematuro optar por qualquer possibilidade.

Depois do acidente, a companhia aérea e duas de suas subsidiárias anunciaram que deixarão de usar mais de 200 Boeing 737-800. O modelo que caiu na segunda-feira tem bom histórico e é o antecessor do modelo 737 MAX, que está parado na China há mais de três anos após acidentes em 2018 na Indonésia e em 2019 na Etiópia.

Segundo a CAAC, a medida não foi necessariamente uma resposta a qualquer problema de segurança identificado na aeronave, mas uma reação de emergência ao acidente.

O órgão regulador lançou também uma força-tarefa de inspeção de todo o setor de aviação no país (incluindo companhias, escritórios de controle de tráfego aéreo e centros de treinamento). A campanha, que será realizada nas próximas duas semanas, visa a prevenir novos acidentes e a reforçar a segurança.

Erramos: o texto foi alterado

A primeira versão do texto, baseada em postagem da Administração da Aviação Civil da China, afirmou que a segunda caixa-preta do avião da companhia aérea China ​Eastern Airlines havia sido encontrada. O órgão chinês, posteriormente, apagou a mensagem, e a agência de notícias estatal negou a informação.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.