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Honduras aprova extradição de ex-presidente Hernández aos EUA

Político acusado de tráfico de drogas pelos americanos se entregou à polícia em fevereiro

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Tegucigalpa (Honduras) | Reuters

A Suprema Corte de Honduras autorizou, nesta segunda-feira (28), a extradição para os Estados Unidos do ex-presidente do país, Juan Orlando Hernández.

O político é acusado pela Justiça americana de participar de um esquema de tráfico de drogas. Ele se entregou à polícia hondurenha em fevereiro e aguardava a decisão sobre seu futuro. JOH, como também é conhecido, foi ainda adicionado à lista de pessoas acusadas de corrupção ou de minar a democracia do Triângulo Norte da América Central —Honduras, El Salvador e Guatemala.

Hernández, ex-presidente de Honduras, sentado de algemas enquanto a polícia do país anunciava detalhes de sua prisão
Hernández, ex-presidente de Honduras, sentado de algemas enquanto a polícia do país anunciava detalhes de sua prisão - Str - 15.fev.2022/AFP

Os promotores de Nova York acusam o ex-presidente, que deu lugar à esquerdista Xiomara Castro em 27 de janeiro, após oito anos no cargo, de ter ligações com o tráfico de drogas desde 2004. Segundo a promotoria, ele participou de uma operação para que Honduras recebesse toneladas de cocaína vindas da Colômbia e da Venezuela —o destino final da droga seria os EUA.

O irmão do político, o ex-deputado Tony Hernández, foi condenado pela Justiça americana em março de 2021 à prisão perpétua pelo mesmo crime.

JOH nega todas as acusações e afirma que elas são uma vingança movida pelos mesmos traficantes que seu governo capturou ou extraditou para o território americano.

Um de seus advogados, Félix Ávila, deu a entender em declarações à imprensa que há pouco o que se possa fazer no momento para evitar a extradição ---depois da primeira decisão judicial, ele já havia conseguido recorrer e levar o caso à mais alta instância hondurenha.

"A decisão [de agora] é da Suprema Corte e o fato de que não concordamos com ela não quer dizer que seja ilegal", disse.

Já a família do ex-presidente, em comunicado, defendeu que a extradição não é o mesmo que uma condenação criminal e que, portanto, ele ainda pode ser inocentado.

"Estamos prontos e confiantes de que seremos capazes de mostrar para a Justiça dos EUA que essas acusações são uma tentativa de revanche dos traficantes hondurenhos, cujo império de drogas, crime e violência Juan Orlando [Hernández] destruiu", diz o texto.

A sigla de JOH perdeu as últimas eleições presidenciais para Xiomara, do Libre (Partido Liberdade e Refundação), que se tornou a primeira mulher a assumir a Presidência do país centro-americano. Ela chegou ao poder apoiada pelo marido, o ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe de Estado em 2009.

Além da deterioração econômica e das intensas ondas de emigração, a nova líder hondurenha tem como um dos desafios o combate à corrupção e ao tráfico de drogas no país.

O Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) dos EUA registrou 309 mil detenções de hondurenhos na fronteira sul do país no último ano fiscal, encerrado em setembro de 2021, fazendo da nacionalidade a segunda maior fonte de migrantes para o país, atrás apenas do México, com 608 mil detenções.

A esposa de Hernández, Ana Garcia, durante um protesto contra a extradição do ex-presidente
A esposa de Hernández, Ana Garcia, durante um protesto contra a extradição do ex-presidente - Fredy Rodriguez/Reuters
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