Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Rússia expande ataques a cidades no oeste da Ucrânia e reagrupa tropas em torno de Kiev

Lutsk e Ivano-Frankivsk foram atingidas por bombardeios, assim como Dnipro, no centro-leste

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São Paulo

Forças russas atingiram novos alvos na Ucrânia nesta sexta-feira (11), alguns dos quais no oeste do país, região que até agora estava relativamente a salvo dos ataques.

Imagens de satélite mostram também que as tropas de Moscou estão se reagrupando a noroeste de Kiev. De acordo com o Reino Unido, o presidente russo, Vladimir Putin, planeja um ataque à capital ucraniana dentro dos próximos dias.

Socorristas em prédio atingido por bombardeio em Dnipro nesta sexta (11)
Socorristas em prédio atingido por bombardeio em Dnipro nesta sexta (11) - Serviço de Emergência da Ucrânia/Reuters

Segundo as declarações dos governos russo e ucraniano e a partir de fotos e vídeos divulgados por diferentes fontes –alguns deles verificados pelo jornal The New York Times–, houve bombardeios em três cidades localizadas entre o centro-leste e o oeste da Ucrânia: Dnipro, Lutsk e Ivano-Frankivsk.

Segundo o serviço de emergência estatal ucraniano, a manhã começou em Dnipro com ao menos três ataques aéreos que atingiram um jardim de infância, um prédio residencial e uma fábrica de sapatos, onde um incêndio começou.

Uma pessoa morreu, ainda de acordo com o serviço de emergência, que divulgou imagens de prédios destruídos e em chamas na cidade. Outro vídeo mostra moradores fugindo.

Em Lutsk, cidade no noroeste que fica a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Polônia, um aeroporto militar foi atingido, segundo o prefeito, Igor Polischuk, que publicou nas redes sociais um alerta para que os moradores se protegessem do ataque.

Segundo ele, quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas. Um porta-voz do Ministério da Defesa russo confirmou que Moscou atacou aeroportos militares em Lutsk e em Ivano-Frankivsk, cidade no sudoeste ucraniano.

Um vídeo verificado pelo New York Times mostra ao menos três explosões, aparentemente perto do aeroporto internacional de Ivano-Frankivsk. O Ministério da Defesa da Rússia afirma que separatistas apoiados pelo Kremlin capturaram também outra cidade estratégica no sudeste do país, Volnovakha, porta de entrada do porto de Mariupol para o norte.

Em Mariupol, que fica no sul do país, a administração da cidade afirmou que pelo menos 1.582 civis foram mortos em decorrência de bombardeios russos e que um bloqueio que isola a cidade há 12 dias deixou centenas de milhares de pessoas presas sem comida, água, aquecimento ou energia.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, a cidade portuária, que dá acesso ao Mar Negro, está agora completamente cercada, e autoridades ucranianas acusaram Moscou de impedir deliberadamente a saída de civis e a entrada de ajuda humanitária. "A situação é crítica", disse o governo ucraniano.

Forças russas também abriram fogo na cidade portuária de Mikolaiv na tarde desta sexta, disse o governador, e atingiram centros comerciais, um café e uma casa.

A principal força de ataque da Rússia está parada nas estradas ao norte da capital Kiev. Para analistas ocidentais, houve uma falha nos planos iniciais de Putin de um ataque relâmpago à capital.

Imagens divulgadas pela empresa privada de satélites norte-americana Maxar mostraram unidades blindadas em manobras dentro de cidades próximas ao aeroporto Antonov, em Hostomel, a noroeste de Kiev, que têm sido palco de intensos combates desde que a Rússia desembarcou paraquedistas na região nos primeiros momentos da guerra.

"A Rússia provavelmente está procurando redefinir e reposicionar suas forças para uma atividade ofensiva renovada nos próximos dias", disse o Ministério da Defesa do Reino Unido.

"Isso provavelmente incluirá operações contra Kiev", afirmou o governo britânico, com a ressalva de que as forças terrestres ainda fazem progressos limitados, prejudicados por problemas logísticos e pela resistência ucraniana.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que a capital tem suprimentos básicos suficientes para algumas semanas. As linhas de abastecimento da cidade permanecem abertas, ainda de acordo com o político.

Na província de Kharkiv, na fronteira com a Rússia, o governador disse que um hospital psiquiátrico foi atingido na cidade de Izium, mas que não houve feridos, porque os pacientes já se abrigaram no porão.

De acordo com o prefeito de Kharkiv, cerca de 50 escolas foram destruídas, e centenas de moradores se abrigam nas estações de metrô.

Nastia, uma jovem deitada em uma cama improvisada no piso de um vagão de trem, disse à agência Reuters que está lá há mais de uma semana, incapaz de se movimentar muito e afetada por uma virose. "Estou com medo pela minha casa, pelas casas dos meus amigos, muito medo por todo o país e, claro, por mim mesma."

Nesta sexta, Putin ainda deuaval para a ida de milhares de combatentes do Oriente Médio para a guerra na Ucrânia.

Em reunião do Conselho de Segurança da Rússia, o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, disse haver 16 mil voluntários no Oriente Médio que estavam prontos para lutar ao lado das forças apoiadas pela Rússia na região separatista do Donbass, leste ucraniano.

"Se você vê que existem essas pessoas que querem, por sua própria vontade, não por dinheiro, vir ajudar as pessoas que vivem no Donbass, então precisamos ajudá-las a chegar à zona de conflito", disse Putin.

Países do Ocidente apresentaram mais medidas para pressionar o governo russo nesta sexta. O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o G7 vai revogar o status comercial de "nação mais favorecida" da Rússia e anunciou uma proibição dos EUA às importações de frutos do mar, álcool e diamantes russos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o bloco suspenderia no sábado o comércio e o tratamento econômico privilegiado a Moscou, reprimiria o uso de criptoativos e proibiria a importação de ferro e aço, bem como a exportação de bens de luxo.

"Amanhã, anunciaremos um quarto pacote de medidas para isolar ainda mais a Rússia e drenar os recursos que ela usa para financiar essa guerra bárbara", disse ela em Bruxelas.

Reunidos no Palácio de Versalhes, próximo a Paris, os líderes da União Europeia concordaram em gastar mais em defesa e reduzir a dependência do fornecimento de energia russo até 2027. Por outro lado, para evitar escalar ainda mais a crise, recusaram o pedido da Ucrânia de uma rápida admissão ao bloco.

Nesta sexta, Putin se encontrou com o ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko, e disse que viu "passos positivos" nas negociações em curso com a Ucrânia, apesar de manter os ataques. O Kremlin disse que não descarta uma reunião de Putin com Zelenski. Até aqui, os termos russos (desmilitarização, neutralidade ante a Otan, reconhecimento de áreas perdidas) são vistos como uma rendição por Kiev.

Com Reuters

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