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A reviravolta no caso da mexicana condenada a 100 chibatadas após denunciar agressão no Qatar

Paola Schietekat disse ter sido vítima de agressão física, só que queixa à polícia se voltou contra ela

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Uma mulher mexicana que havia sido condenada, no Qatar, a sete anos de prisão e cem chibatadas por denunciar uma agressão sofrida por ela própria teve uma decisão favorável na Justiça do país árabe.

Paola Schietekat havia chegado à capital do Qatar, Doha, em fevereiro de 2020 para trabalhar para o governo na organização da Copa do Mundo de 2022. Depois de um ano e meio morando lá, ela conta que foi vítima de uma agressão física. Mas quando procurou as autoridades para registrar a queixa, o caso se voltou contra ela: Paola foi acusada de "sexo extraconjugal", um crime sob a lei islâmica.

Vida de Paola Schietekat virou do avesso ao denunciar agressão
Vida de Paola Schietekat virou do avesso ao denunciar agressão - Instagram/Paola Schietekat

A jovem de 27 anos foi condenada a sete anos de prisão e cem chibatadas. E, surpreendentemente, foi dada a ela uma alternativa: ela poderia se livrar da pena, mas para isso teria que se casar com seu agressor. O caso ganhou visibilidade porque foi visto como um símbolo da vulnerabilidade de mulheres no país que se prepara para sediar o principal evento do futebol mundial.

"Após esse processo, percebi que, apesar de meus diplomas acadêmicos, preparação profissional, independência financeira e apesar de trabalhar para o governo do Qatar, sou vulnerável a violações de direitos humanos por instituições arcaicas e abusivas e incapaz de encontrar proteção em meu consulado", denunciou Schietekat em um post no Facebook no qual expôs o caso.

A jovem conseguiu deixar o Qatar no ano passado, mas desde então argumenta que a Justiça não foi feita em seu caso e que seu agressor está livre. E ela diz que mexicanos, e também minorias, como mulheres e pessoas LGBTQIA+ que vão visitar o país para a Copa do Mundo, podem ser vítimas do sistema qatariano.

O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, encontrou-se com ela em fevereiro e afirmou que colocaria à sua disposição o melhor advogado para defendê-la.

Ela lamentou não ter recebido apoio até o caso ganhar as manchetes na imprensa mexicana e internacional. Até que, neste domingo (3), a Secretaria de Relações Internacionais do México informou que o processo penal contra Schietekat foi devolvido pelo juiz ao órgão equivalente à Procuradoria, depois de os argumentos da defesa terem sido ouvidos. Isso, na prática, "conclui o processo penal" em favor de Schietekat, segundo ela própria informou no Twitter.

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