Confronto entre palestinos e polícia de Israel deixa ao menos 57 feridos em Jerusalém

Mesquita Al-Aqsa volta a ser palco de violência em meio a temor de conflito como de 2021 contra o Hamas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jerusalém | Reuters e AFP

Ao menos 57 palestinos ficaram feridos em confronto com a polícia de Israel no complexo da mesquita Al-Aqsa em Jerusalém, nesta sexta-feira (22), segundo médicos, em meio a onda de violência durante o mês sagrado islâmico do Ramadã.

A polícia israelense relata ter agido após centenas de pessoas começarem a atirar pedras e fogos de artifício, aproximando-se do Muro das Lamentações, onde um serviço judaico estava em andamento. Uma agente foi ferida por uma pedra e uma árvore ficou em chamas devido aos rojões. Dois dos palestinos feridos estão em estado grave.

Policiais israelenses levam palestino ferido durante confronto no complexo da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém
Policiais israelenses levam palestino ferido durante confronto no complexo da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém - Ahmad Gharabli/AFP

Testemunhas relataram à agência de notícias Reuters que os agentes entraram no complexo após as orações da manhã e atiraram balas de borracha e bombas de efeito moral contra cerca de 200 palestinos, alguns dos quais revidaram com pedras.

A polícia também usou um drone para disparar gás lacrimogêneo, segundo o diretor da mesquita. Por volta de meio-dia no horário local (6h em Brasília), a situação se acalmou e milhares de pessoas conseguiram orar.

Dois foguetes foram disparados da Faixa de Gaza —um falhou e o outro atingiu a fronteira sem deixar vítimas, disseram os militares israelenses. Nenhuma facção palestina reivindicou a responsabilidade.

Vários ministros árabes reunidos em Amã condenaram "os ataques e as violações israelenses contra os fiéis da mesquita Al-Aqsa". O templo é administrado pela Jordânia, mas com acessos controlados por Israel.

A Esplanada das Mesquitas, onde fica Al-Aqsa, fica no topo do planalto da Cidade Velha de Jerusalém Oriental, capturado por Israel na guerra de 1967, e é conhecida pelos muçulmanos como Al-Haram al-Sharif, ou seja, O Nobre Santuário, e pelos judeus como Monte do Templo. É ainda o terceiro lugar sagrado do islã e local mais sagrado do judaísmo.

Os palestinos acusam Israel de restringir celebrações muçulmanas em Al-Aqsa, enquanto não faz o suficiente para garantir a proibição de longa data de preces judaicas no complexo, o que Israel nega. Como em anos anteriores, as autoridades têm interrompido as visitas de judeus nos dias finais do Ramadã, afirmou um funcionário do governo.

O aumento na violência no país e nos territórios palestinos nas últimas semanas tem impactado a vida política do país, pondo em risco a coalizão do premiê Naftali Bennett, mas também alimentado o receio de que a situação evolua para um conflito mais amplo, como o que durou 11 dias, no ano passado.

O grupo palestino Hamas já subiu o tom. "[Os combatentes] têm seus dedos no gatilho de fuzis e irão defender a mesquita Al-Aqsa com todo o poder", afirmou o oficial Mushir al-Masri em um comício no norte de Gaza.

Desde março, forças israelenses mataram ao menos 29 palestinos na Cisjordânia, e 14 pessoas foram mortas em ataques a ruas árabes em Israel, segundo os médicos. As tensões neste ano foram alimentadas pelo fato de o Ramadã coincidir com a celebração judaica de Pessach e a cristã da Páscoa.

A conduta dos militares israelenses na última sexta (13), quando mais de 150 palestinos e 8 policiais ficaram feridos em Al-Aqsa, "levantam sérias preocupações de que o uso da força foi amplo, desnecessário e indiscriminado", disse um porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

Israel reivindica toda a área de Jerusalém como sua "capital indivisível", enquanto os palestinos buscam fazer com que Jerusalém Oriental, incluindo aí os locais sagrados para muçulmanos, cristãos e judeus, torne-se a capital de um futuro Estado.

"Israel preserva e continuará preservando o status quo no Monte do Templo, mas não aceitaremos em nenhum caso o lançamento de foguetes a partir da Faixa de Gaza", afirmou na quinta (21) o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid. Antes da declaração, ele se reuniu com a representante do Departamento de Estado americano para o Oriente Médio, Yaël Lempert, e com o emissário para relações israelense-palestinas, Hady Amr.

Os dois diplomatas americanos também se encontraram com dirigentes da Autoridade Palestina, que tem sede na Cisjordânia ocupada.

"O presidente [da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas] pediu a intervenção urgente do governo americano para acabar de uma vez por todas com a escalada israelense nos Territórios Palestinos", afirmou Hussein al Sheikh, funcionário de alto escalão da Autoridade Palestina.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.