Ativistas pelo direito ao aborto iniciam 'verão de raiva' com protestos nos EUA

Milhares de manifestantes se reuniram em várias cidades para lutar contra possível derrubada da decisão Roe v. Wade

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Gabriella Borter
Washington | Reuters

Milhares de defensores do direito ao aborto se reuniram em protestos espalhados pelos Estados Unidos neste sábado (14), iniciando o que os organizadores disseram que seria "um verão de raiva" se a Suprema Corte do país anular a norma que legalizou o aborto nos EUA, conhecida como Roe v. Wade.

Grupos favoráveis ao direito do aborto, como A Planned Parenthood (paternidade planejada) e Women's March (marcha das mulheres), organizaram mais de 400 marchas, com os maiores públicos esperados em Nova York, Washington, Los Angeles e Chicago.

Manifestantes pelo direito ao aborto protestam em Washington - Lindsey Wasson -14.mai.2022/Reuters

As manifestações são uma resposta ao vazamento de um documento da Suprema Corte, no início do mês, de um projeto que mostra que a maioria conservadora do tribunal está pronta para reverter a decisão histórica de 1973 que estabeleceu o direito constitucional federal de interromper uma gravidez.

A decisão final do tribunal, que pode dar aos estados o poder de proibir o aborto, está prevista para junho. Cerca de metade dos estados dos EUA poderia banir ou restringir severamente a interrupção de uma gravidez.

Os organizadores disseram esperar centenas de milhares de pessoas nos eventos deste sábado, que, segundo eles, serão o primeiro de muitos protestos coordenados em torno da possível decisão da Suprema Corte.

"Para as mulheres deste país, este será um verão de raiva", afirmou Rachel Carmona, presidente da Marcha das Mulheres. "Seremos ingovernáveis ​​até que este governo comece a trabalhar para nós, até que os ataques a nossos corpos diminuam, até que o direito ao aborto seja codificado em lei."

Milhares de apoiadores do aborto se reuniram em um parque de Chicago na manhã de sábado, incluindo o deputado Sean Casten e sua filha de 15 anos, Audrey.

Casten, cujo distrito inclui os subúrbios do oeste de Chicago, disse à agência Reuters que é "horrível" que a conservadora Suprema Corte considere tirar o direito ao aborto e "condene as mulheres a esse status inferior".

Os democratas, que atualmente ocupam a Casa Branca e as duas câmaras do Congresso, esperam que a reação à decisão da Suprema Corte leve os candidatos de seu partido à vitória nas eleições parlamentares de novembro.

Mas os eleitores vão pesar o direito ao aborto contra outras questões, como os preços crescentes de alimentos e gás, e podem estar céticos quanto à capacidade dos democratas de proteger o acesso ao aborto depois que os esforços para aprovar uma legislação que consagraria o direito ao aborto na lei federal fracassaram.

No Brooklyn, o clima era enérgico —milhares de manifestantes se preparavam para cruzar a ponte local em direção a Manhattan.

Elizabeth Holtzman, uma manifestante de 80 anos que representou Nova York no Congresso de 1973 a 1981, disse que o projeto de opinião vazado da Suprema Corte "trata as mulheres como objetos, como seres humanos inferiores".

"Luto pelos direitos das mulheres há 50 anos e não vou desistir", disse ela.

Em Washington, os defensores se reuniram no Monumento a Washington com planos de caminhar até a Suprema Corte. Em Los Angeles, os manifestantes planejavam se reunir na Prefeitura.

Na semana passada, manifestantes se reuniram do lado de fora das casas dos juízes da Suprema Corte Samuel Alito e Brett Kavanaugh, que votaram para derrubar Roe v. Wade.

O juiz Clarence Thomas disse em uma conferência em Dallas na sexta-feira (13) que a confiança dentro da Suprema Corte "desapareceu para sempre" após o vazamento.

"Quando você perde essa confiança, especialmente na instituição em que estou, isso muda a instituição fundamentalmente", disse o juiz conservador.

O Students for Life of America (estudantes pela vida na América), um grupo de defesa antiaborto com ramificações em universidades em todo o país, disse que estava realizando contraprotestos neste sábado em nove cidades, incluindo Washington.

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