Israel diz não haver suspeita de ação criminosa em morte de repórter da Al Jazeera

Shireen Abu Akleh morreu durante operação na Cisjordânia; bala está com Autoridade Palestina, que acusa Tel Aviv

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jerusalém | AFP

O Exército de Israel, ao comentar a morte da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, disse nesta segunda (23) que, caso um soldado do país tenha realizado o disparo que a matou, isso não implica, necessariamente, que ele tenha tido conduta criminosa. A provável arma com a qual foi feita o disparo teria sido encontrada.

O argumento foi apresentado em um comunicado que mencionava a advogada militar Yifat Tomer-Yerushalmi. "Como Abu Akleh foi assassinada em meio a uma zona de combate, não deve haver suspeita imediata de atividade criminosa na ausência de mais provas", afirmou.

Mulheres fazem fotos perto de um mural em homenagem à jornalista Shireen Abu Akleh, morta em Jenin, na Cisjordânia, durante operação do Exército de Israel - Ronaldo Schemidt - 19.mai.22/AFP

Ela será a responsável por determinar se algum soldado de Israel enfrentará ações disciplinares pelo caso, mas a decisão, de acordo com o Exército, só deve ser tomada quando mais dados da investigação, preferencialmente de diferentes fontes, estiverem disponíveis.

Abu Akleh, 51, morreu no último dia 11 durante uma operação das forças israelenses na Cisjordânia. Veterana na profissão, ela estava com um colete que a identificava como jornalista. Seu funeral foi marcado pela repressão de soldados a pessoas que carregavam o caixão, em ato que foi condenado pela comunidade internacional.

O comunicado do Exército diz que a instituição está realizando uma ampla investigação para entender as circunstâncias do caso, especialmente se a bala que matou a repórter partiu de palestinos ou israelenses. O canal de notícias Al Jazeera, para o qual Abu Akleh trabalhava, acusa Israel de matá-la de forma deliberada.

Tomer-Yerushalmi defendeu que Israel analise a bala que foi retirada do corpo da jornalista. O projétil, no entanto, está com a Autoridade Nacional Palestina. "A incapacidade de inspecionar a bala continua lançando dúvidas sobre as circunstâncias da morte", disse a advogada.

O Exército de Israel afirma que a morte pode ter se originado de um incidente em que um soldado do país buscava atirar em um "pistoleiro palestino". Esse alvo, ainda segundo os militares, estaria perto de Abu Akleh. O governo se ofereceu para realizar um teste de balística com a presença de especialistas palestinos e americanos.

A Autoridade Nacional Palestina, porém, negou-se a trabalhar em conjunto com os israelenses, afirmando que eles são "completamente responsáveis" pela morte da repórter. A chancelaria da ANP disse ainda que entregou um relatório sobre o caso ao Tribunal Penal Internacional (TPI), pedindo que a corte acelere as investigações.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.