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Xangai volta a detectar novos casos de Covid, mas mantém plano de reabertura

Dias após se declarar livre do vírus, autoridades identificam três infecções em área fora da zona de quarentena

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Xangai | Reuters

A cidade de Xangai, polo financeiro da China, anunciou nesta sexta-feira (20) seus primeiros casos de Covid-19 em cinco dias fora das áreas afetadas pelas rígidas regras de isolamento social. As novas infecções, porém, não devem influenciar os planos das autoridades locais de reabrir toda a cidade a partir do próximo dia 1º.

O centro comercial de 25 milhões de habitantes está em sua sétima semana de quarentena, mas nos últimos dias a administração municipal vem lentamente permitindo que mais pessoas deixem suas casas. Ao contrário das medidas impostas no início da pandemia, ainda em janeiro de 2020, a China agora adota o modelo de lockdown dinâmico e isola apenas bairros, edifícios ou estabelecimentos com registros de casos.

Profissional desinfeta rua de Xangai, na China, como medida de proteção contra a Covid-19 - Aly Song - 20.mai.22/Reuters

Foi o que aconteceu nesta sexta no distrito Qingpu, onde autoridades bloquearam o acesso e desinfetaram vários lugares, após a descoberta de três novos casos da doença. Além disso, 250 mil moradores da área foram submetidos a testes de detecção do vírus.

Hongkou, outro distrito da cidade, também ordenou o fechamento de todas as lojas, e a população local está proibida de deixar suas casas até domingo (22) –a ideia é que até lá sejam realizados testes em massa para a doença. No caso de Hongkou, no entanto, os líderes regionais não chegaram a confirmar novos casos, mas não esclareceram o motivo das restrições.​

Em uma conta oficial na rede social chinesa WeChat, autoridades disseram que o distrito "realizará três rodadas consecutivas de testes PCR para toda a população". A área abriga 750 mil pessoas.

Apesar das novas infecções, autoridades de Xangai disseram ainda nesta sexta que as medidas para a reabertura gradual da cidade estão em andamento. Parques nas regiões dos subúrbios, por exemplo, devem reabrir as portas em dois dias, mas outros mais centrais só serão reabertos no próximo mês. Já as instalações de lazer dentro dos parques permanecerão fechadas.

Um plano para reabrir quatro linhas de metrô a partir de domingo também continua em andamento, segundo o governo da cidade.

Na última terça (17), a prefeitura havia anunciado ter alcançado a meta de "Covid zero" —estratégia de Pequim que visa a eliminar por completo a disseminação do coronavírus e alvo de questionamentos de autoridades mundiais de saúde. O anúncio veio após a cidade não registrar, por três dias consecutivos, novos casos sintomáticos da doença fora das áreas delimitadas para quarentena.

Devido às rígidas medidas de isolamento social, que chegou inclusive a gerar protestos de parte da população, Xangai registrou amplo declínio econômico em abril, com muitas fábricas fechadas e consumidores presos em casa. Segundo dados divulgados nesta sexta, a produção industrial da cidade encolheu 61,5% em relação ao ano passado, o maior declínio mensal desde 2011.

Além disso, relatos dão conta de falta de abastecimento de comida, desrespeito à privacidade e condições precárias nos centros de tratamento de doentes.

Na esteira dos baixos números econômicos apresentados no país nos últimos dias, a Câmara de Comércio Europeia na China alertou nesta semana que muitas empresas e indivíduos estão "considerando seriamente sua presença na China", ainda que neste mês a situação da pandemia em Xangai e em outras áreas tenha melhorado.

Em Pequim, com 22 milhões de habitantes, as autoridades tentam acabar com um surto do vírus desde o final de abril. Os serviços de alimentação, por exemplo, estão proibidos, e com shoppings e empresas fechados, o transporte público foi reduzido, e moradores foram aconselhados a trabalhar de casa.

A capital chinesa, porém, não chegou a registrar uma explosão de casos como Xangai: na quinta (19), Pequim registrou 62 novas infecções, sete a mais do que no dia anterior.

No maior distrito da capital, Chaoyang, um campo de futebol popular entre as crianças foi fechado e coberto com bobinas de arame, em uma tentativa da gestão local de inibir o deslocamento desnecessário dos moradores da região. Placas ao redor anunciavam que o local estava "temporariamente fechado durante a pandemia".

De acordo com a Reuters, ainda nesta sexta, casais de jovens namorados que se reuniam ao lado de um canal de Pequim foram mandados embora por agentes de segurança, que carregavam alto-falantes. A data é celebrada pelos chineses como dia dos namorados, ainda que não oficialmente.

Analistas de uma empresa dedicada a análises sobre a economia chinesa estimam que menos de 5% das cidades do país têm relatado novas infecções de Covid-19 –no final de março, eram 25%.

Muitas cidades estabeleceram controles em seus limites e realizam frequentemente testes em massa. Quando alguma contaminação é detectada, autoridades isolam todas as pessoas que tiveram contato com o infectado, inclusive determinando até o bloqueio de condomínios. O país tem um sistema de QR Codes e rastreamento pelo qual é possível saber por onde cada pessoa circulou e com quem interagiu.

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