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Xangai volta a registrar casos de Covid fora das áreas sob lockdown

Maior cidade da China contabilizou 58 novas infecções, frustrando moradores após fim de semana sem anúncio de contaminações

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Xangai e Pequim | Reuters

Xangai, a maior cidade da China e capital econômica do país, voltou a registrar casos de coronavírus em zonas fora das áreas de quarentena —foram 58 novas infecções nesta segunda-feira (2). Ao mesmo tempo, Pequim intensificou a campanha de testes durante um feriado esvaziado do Dia do Trabalho.

Os confinamentos em Xangai, cidade de 25 milhões de habitantes, geraram raras demonstrações públicas de insatisfação, com milhões de pessoas sob lockdown por mais de um mês, muitos dos quais em condomínios gradeados pelo governo e enfrentando dificuldades para obter itens básicos do dia a dia.

Pessoa com traje de proteção caminha em rua do distrito de Jing'an, em Xangai
Pessoa com traje de proteção caminha em rua do distrito de Jing'an, em Xangai - Hector Retamal/AFP

Enquanto autoridades da cidade afirmam que a situação está melhorando, imagens em redes sociais irritam a população em um momento no qual hospitais e necrotérios da cidade estão lotados.

Nesta segunda, o governo disse investigar cinco agentes após vídeos exibirem funcionários de uma casa de repouso levando a um necrotério um idoso em um saco para cadáveres —depois, a pessoa foi encontrada viva.

Moradores de Xangai tiveram um sinal de esperança no fim de semana, com a notícia de que nenhuma infecção foi registrada fora das áreas de quarentena em dois dias, mas a frustração logo chegou, com a contabilização de casos entre pessoas com permissão para se movimentar com mais liberdade na cidade.

Funcionários do governo não fizeram comentários sobre as novas contaminações em uma entrevista coletiva, mas críticas emergiram online. "Eles anunciaram a eliminação de casos em nível comunitário muito cedo", escreveu uma pessoa na rede social Weibo. Por outro lado, muitas pessoas encararam com otimismo as tendências dos dados, com o registro de 32 novas mortes no domingo, ante 38 no dia anterior, além de 6.804 novas infecções locais —uma diminuição em relação aos 7.189 do sábado.

Mesmo com a queda, mais barreiras foram construídas em alguns blocos residenciais em Xangai nesta segunda, embora autoridades afirmem que funcionários de empresas que o governo colocou numa lista de prioridade podem pedir uma liberação caso vivam em prédios sem contaminação por sete dias.

O coronavírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan, no final de 2019, e por dois anos o regime conseguiu manter os surtos sob controle, com lockdowns e proibições de viagem.

Mas a rápida disseminação da variante ômicron tem testado a política de "Covid zero" do país neste ano, crucial para o líder chinês, Xi Jinping, assegurar um raro terceiro mandato no outono do Hemisfério Norte.

A política chinesa para combater o vírus está em dissonância do resto do mundo, onde muitos líderes têm flexibilizado restrições ou acabado com todas elas ao mesmo tempo, em uma tentativa de conviver com a Covid, mesmo que as contaminações continuem a ocorrer. A Nova Zelândia, que teve um dos mais duros confinamentos da crise sanitária em todo o mundo, enfim reabriu suas fronteiras nesta segunda, incentivando a ida de visitantes pela primeira vez desde o começo da pandemia.

A China não tem dado pistas de que mudará suas políticas de combate ao vírus mesmo diante de dificuldades internas e ondas de disrupção nas cadeias de suprimentos globais. Pequim, com dezenas de infecções diárias e um surto em sua segunda semana, não entrou em lockdown e, até o momento, aposta em um programa de testes em massa para localizar e isolar os casos de contaminação.

Com 22 milhões de habitantes, a capital endureceu os focos de confinamento durante o feriado de cinco dias do 1º de Maio, tradicionalmente umas das datas mais celebradas no país, com muitas viagens.

Doze distritos de Pequim, incluindo o maior, Chaoyang, região que abriga casas noturnas, bares e embaixadas, terão de realizar três rodadas de testes de detecção de Covid entre terça (3) e quinta (5), de acordo com uma autoridade. Chaoyang abriga a maior taxa de infecção na capital chinesa.

Os restaurantes estão com os espaços internos bloqueados para clientes, e blocos de apartamentos foram fechados. As ruas estão silenciosas, e os moradores que se aventurarem em áreas externas têm de apresentar testes de Covid com resultado negativo para entrar na maioria dos locais públicos.

Autoridades monitoram contatos próximos de casos confirmados, alertando-os para permanecerem em casa. A China registrou 7.822 novos casos de coronavírus no domingo, abaixo das 8.329 infecções contabilizadas no dia anterior, segundo dados da Comissão Nacional da Saúde divulgados nesta segunda.

Todas as 32 mortes registradas no domingo no país ocorreram em Xangai, levando a cifra oficial chinesa de óbitos desde o começo da pandemia a 5.092. A Índia, o único país com uma população comparável à da China, que tem 1,4 bilhão de pessoas, divulgou oficialmente mais de 500 mil mortes por Covid, ainda que alguns especialistas em saúde afirmem acreditar que o número total seja bem maior.

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