Atirador de Tulsa comprou arma no mesmo dia de ataque e mirou médico que o operou

Ação deixou 4 mortos na tarde desta quarta; Michael Lewis se matou após massacre

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tulsa | Reuters

O autor de um novo ataque a tiros realizado nos Estados Unidos, na tarde desta quarta (1º), em Tulsa, havia comprado a arma semiautomática com a qual matou quatro pessoas no mesmo dia. De acordo com a polícia local, o homem mirou na ação um médico que havia operado suas costas.

O episódio ocorreu dias após outros dois massacres —em uma escola no Texas, com 21 mortos, e em um supermercado em Nova York, com dez— trazerem à tona novamente o debate sobre o controle de armas no país. O fato de o atirador ter adquirido o rifle horas antes da ação adiciona um elemento na discussão.

A polícia identificou o suspeito como Michael Lewis, morador de Muskogee, e disse ter encontrado uma carta assinada por ele afirmando que o ataque tinha um alvo específico: o cirurgião Preston Phillips, 59. O agressor havia passado por uma operação na coluna, da qual teve alta no último dia 24, e nos dias seguintes reclamou de dores agudas ao médico.

Policiais na entrada do Natalie Medical Building, no complexo do hospital St. Francis, em Tulsa - Chandan Khanna - 2.jun.22/AFP

"Lewis entrou [no complexo do hospital St. Francis] com o objetivo de matar o dr. Phillips e qualquer outra pessoa que cruzasse seu caminho", disse o chefe da polícia de Tulsa, Wendell Franklin, em entrevista coletiva nesta quinta (2). Segundo a corporação, além do cirurgião foram mortos Stephanie Husen, médica do esporte de 48 anos, a recepcionista Amanda Glenn e William Love, paciente do centro médico.

No ataque, o atirador usou um rifle AR-15 e uma pistola. Segundo Franklin, a primeira arma foi comprada numa loja especializada. O revólver fora adquirido em uma loja de penhores havia três dias.

A polícia de Tulsa foi chamada ao hospital às 16h52 (horário local; 18h52 em Brasília) e chegou ao centro médico três minutos depois. Os agentes, então, ouviram tiros no segundo andar, onde ficam consultórios, e encontraram os corpos das vítimas e do atirador às 17h01. Todas foram mortas no mesmo ambiente.

A corporação destacou a ação rápida, em especial após a polícia de Uvalde, no Texas, ter sido alvo de críticas pela demora com que agiu no massacre na semana passada. Na ocasião, agentes esperaram por mais de uma hora até entrar nas salas de aula onde o atirador estava.

Além das quatro mortes, a ação de Lewis deixou outras pessoas feridas, mas nenhuma em estado crítico. A maior parte, segundo as forças de segurança, se feriu ao tentar fugir, não por ter sido baleada.

A Casa Branca afirmou que o presidente americano, Joe Biden, entrou em contato com autoridades locais para oferecer apoio. Horas antes, ele havia divulgado um comunicado lembrando os 101 anos de um massacre no qual supremacistas brancos atacaram um bairro negro. Há um ano ele esteve na cidade para lembrar o centenário do caso.

Na quarta, logo após o ataque, quando questionado em entrevista coletiva sobre o fato de Tulsa engrossar a lista de alvos de ataques a tiros nos EUA, o prefeito, o republicano G.T. Bynum, preferiu lamentar o caso e se dizer solidário aos familiares das vítimas. "Se queremos ter um debate político, é algo a ser feito no futuro, não nesta noite."

O assunto foi trazido à tona devido ao debate sobre o controle de armas no país. Há nove dias, um massacre na escola Robb, no Texas, terminou com 19 crianças e 2 professoras mortas. O autor, um jovem de 18 anos, portava um rifle AR-15 e, antes de ser responsável pelo pior massacre em uma instituição de ensino infantil no país em uma década, também disparou contra a avó.

Salvador Ramos não tinha histórico de doença mental nem antecedentes criminais, mas fez posts ameaçadores nas redes antes do tiroteio. Ele foi morto pela polícia na ação.

O caso na cidade de Uvalde ocorreu dias depois de outro episódio, em Buffalo, no estado de Nova York, no qual morreram dez pessoas num supermercado. O autor teve motivações racistas e deve ser indiciado por terrorismo doméstico. Após o ataque no Texas, o presidente Joe Biden fez um discurso emocionado no qual criticou o lobby pró-armas no país e defendeu o controle no acesso a armamentos.

Republicanos, como o senador pelo Texas Ted Cruz e o ex-presidente Donald Trump, porém, rejeitam os pedidos de novas medidas e, em vez disso, sugeriram investir em saúde mental ou reforço da segurança escolar. Na última quinta, senadores da legenda barraram discussões de um projeto contra o terrorismo doméstico, uma primeira tentativa de resposta dos democratas aos ataques mais recentes no país.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.