Descrição de chapéu oriente médio

Bala que matou jornalista palestina partiu de local de comboio israelense, diz New York Times

Investigação do jornal americano reconstitui assassinato de Shireen Abu Akleh na Cisjordânia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Investigação do jornal The New York Times indica que a bala que matou a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, morta durante cobertura na Cisjordânia em 11 de maio, partiu de local próximo a um comboio israelense e foi disparada, provavelmente, por um soldado de uma unidade de elite do país.

O assassinato de Abu Akleh, 51, experiente repórter da rede de notícias Al Jazeera, gerou comoção em todo o mundo e críticas da comunidade internacional à atuação do Exército israelense na região.

Igreja em Ramallah faz memorial no 40º dia após a morte da jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh - Ahmad Gharabli - 18.jun.22/AFP

Enquanto autoridades palestinas disseram que a jornalista foi morta por militares de Israel, investigação preliminar do Exército israelense concluiu não ser possível "determinar inequivocamente a origem do tiroteio". O governo do primeiro-ministro Naftali Bennett afirmou que um soldado pode ter atirado nela por engano, mas também sugeriu que um atirador palestino pode ter sido o responsável pelo disparo.

A reportagem do New York Times, publicada nesta segunda (20), reconstitui com detalhes o momento do assassinato, com base em vídeos, depoimentos de testemunhas e uma análise das balas disparadas.

O texto diz que as evidências mostram que não havia palestinos armados perto de Abu Akleh quando ela foi baleada, o que contradiz as alegações israelenses de que, se um soldado a matou por engano, foi porque estava atirando contra um atirador palestino. Segundo o jornal americano, a investigação, que durou um mês, também mostrou que 16 tiros foram disparados do local onde estava o comboio israelense em direção aos jornalistas que trabalhavam na cobertura da operação, não cinco, como afirmou Israel.

O New York Times não encontrou nenhuma evidência de que a pessoa que efetuou o disparo tenha reconhecido Abu Akleh ou disparado intencionalmente contra ela. Também não foi possível determinar se o atirador observou que ela e seus colegas usavam coletes de proteção com a palavra "press" (imprensa).

A investigação se soma a outras reportagens de veículos como The Washington Post, CNN e Associated Press, que também concluíram que os indícios são de que Abu Akleh foi morta por forças israelenses.

Em 26 de maio, a Autoridade Palestina disse que sua investigação, que incluiu a autópsia e um exame forense da bala, mostrou que soldados israelenses mataram a jornalista. Na semana passada, a Al Jazeera obteve uma imagem do projétil retirado da cabeça da repórter e acusou Israel de matá-la "a sangue frio". Segundo o veículo, trata-se de uma bala de um fuzil M4, usado pelo Exército israelense.

Israel rejeitou as acusações e pediu apuração conjunta e análise da bala sob supervisão internacional, mas os líderes palestinos rejeitaram o pedido, dizendo não confiar no país para verificar o assassinato.

Na sexta (17), autoridades israelenses disseram ter incluído um investigador sênior na equipe que apura o crime. Em nota anterior, os militares rejeitaram como "mentira descarada" a afirmação de que mataram intencionalmente a jornalista. Eles afirmam que uma checagem preliminar mostrou que um soldado não identificado disparou cinco vezes na direção de Abu Akleh para acertar um palestino armado.

O funeral de Abu Akleh, veterana do jornalismo, foi marcado pela repressão de soldados israelenses a pessoas que carregavam o caixão da repórter, em ato condenado pela comunidade internacional.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.