Rússia diz organizar exportação de alimentos da Ucrânia pelo mar de Azov

Moscou nega acusações de Kiev de que esteja roubando grãos; imagens de satélite mostram navios atracando na Síria

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Reuters

A Rússia afirmou nesta quinta (16) que está organizando a exportação de grãos e oleaginosas da Ucrânia pelo mar de Azov. Há semanas o desafio de escoar toneladas estocadas no país do Leste Europeu ganhou protagonismo nos diálogos diplomáticos, devido à alta dos preços e à crise alimentar iminente.

Moscou, porém, não explicou quem é o fornecedor dos alimentos agora exportados. Kiev acusa os russos de roubarem seus grãos, algo que o Kremlin nega. A vice-primeira-ministra russa disse à agência de notícias Reuters que o país não está exportando grãos ucranianos.

Imagem de satélite fornecida pela empresa americana Maxar mostra navio russo armazenando grãos no porto de Sevastopol, na península da Crimeia - 12.jun.22/Maxar via Reuters

"A Rússia está somente garantindo um corredor verde para que grãos e quaisquer outros alimentos possam ser exportados sem obstáculos", afirmou Viktoria Abramtchenko. Ela também acusou Kiev de impedir o funcionamento do porto de Odessa. A Rússia, com apoio da Turquia, propôs um esquema de corredores marítimos para escoar os produtos, mas disse que o governo ucraniano teria de retirar as minas colocadas nos portos. A Ucrânia negou, dizendo temer um ataque russo.

A empresa americana de imagens de satélite Maxar, também nesta quinta, disse ter registrado navios com a bandeira russa transportando grãos colhidos na Ucrânia para a Síria, onde o regime do ditador Bashar al-Assad recebe apoio do presidente russo, Vladimir Putin.

Imagens da Maxar mostram dois navios russos atracados no porto da península da Crimeia, controlada por Moscou, em maio, sendo carregados com grãos. Dias depois, os satélites registraram os mesmos navios ancorados em território sírio entregando a carga.

Há uma semana, a Associação de Produtores e Exportadores de Grãos da Ucrânia disse que a Rússia roubou cerca de 600 mil toneladas de grãos do território invadido e que já exportou uma parte. As informações não puderam ser confirmadas de forma independente.

Diversas nações cobram reiteradamente que a Rússia abra os portos ucranianos para permitir a exportação dos grãos armazenados. Os EUA, por meio do secretário de Agricultura, Tom Vilsack, pediram nesta quinta que "a comida não seja usada como uma arma".

O presidente Joe Biden havia dito, nesta semana, que está sendo posto em prática um plano para instalar silos na fronteira ucraniana com a Polônia, a oeste, para armazenar os grãos e impedir que sejam perdidos por questões de má qualidade ou mesmo roubados.

O presidente da França, Emmanuel Macron, que mais cedo esteve em Kiev ao lado de outros líderes da Europa, afirmou em uma rede social que a crise alimentar é consequência direta da guerra. "Exortamos a Rússia a concordar com a exportação de grãos, levantando o bloqueio dos portos ucranianos", escreveu.

O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassili Nebenzia, por sua vez, disse que a Rússia não é a responsável pelo desencadeamento da crise alimentar e energética. Em vez disso, ele culpou as políticas de governos do Ocidente como as reais motivadoras.

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