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Equador suspende diálogo com manifestantes após morte de militar

Protestos paralisam desde 13 de junho ruas e estradas do país contra preço do combustível

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Quito | AFP e Reuters

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, suspendeu nesta terça-feira (28), após um ataque a militares deixar um soldado morto e outros 12 feridos, as negociações que mantinha com o líder dos protestos indígenas que param ruas e estradas do país desde o último dia 13 em manifestações contra o governo.

"Não vamos nos sentar para conversar com Leonidas Iza novamente, que só defende seus interesses políticos e não os de suas bases", disse o presidente, referindo-se ao líder da Conaie, maior organização indígena do país, que convoca as manifestações. "Aos nossos irmãos indígenas, vocês merecem mais que um líder oportunista", afirmou. "Não vamos negociar com quem mantém o Equador refém."

Líderes indígenas e representantes do governo do Equador durante rodada de negociações para discutir fim de protestos, em Quito
Líderes indígenas e representantes do governo do Equador durante rodada de negociações para discutir fim de protestos, em Quito - Adriano Machado/Reuters

Os manifestantes, em sua maior parte indígenas, protestam contra os altos preços dos combustíveis e dos alimentos no país. Pelo menos oito pessoas morreram nas mais de duas semanas de manifestações, e os bloqueios de estradas têm provocado também escassez de alimentos em supermercados e de suprimentos médicos em hospitais de diferentes regiões do Equador.

Na madrugada desta terça, um grupo de militares e policiais que faziam escolta de um comboio de 17 caminhões-tanque foi atacado por manifestantes armados na região da Amazônia equatoriana, disseram autoridades do país. "É um ato criminoso brincar com a vida de inocentes. O país é testemunha de todos os esforços que fizemos para estabelecer um diálogo frutífero e sincero", afirmou Lasso.

"Somente quando houver representantes legítimos de todos os povos e etnias do Equador, que busquem soluções reais e estejam abertos a um diálogo real e franco, retornaremos à mesa de negociações", disse.

Desde segunda o governo não participa das mesas de negociações, que acontecem na Basílica do Voto Nacional, em Quito. "Foi um ataque brutal [aos militares], mas como podemos saber se realmente foi provocado pelos manifestantes?", questionou Iza pela manhã, após a reunião ser cancelada.

"Que o mundo saiba quem é que não tem vontade de resolver os problemas", afirmou o presidente da poderosa Confederação das Nacionalidades Indígenas (Conaie). Protestos, bloqueios de estradas e confrontos pressionam o impopular presidente conservador Guillermo Lasso, que tem apenas 17% de aprovação e também foi encurralado por um debate sobre seu impeachment, em discussão no Congresso.

O governo afirma ter feito concessões significativas aos manifestantes, entre as quais um corte no preço da gasolina, o perdão de dívidas bancárias e a oferta de subsídios para fertilizantes. Na última segunda-feira (27), Iza afirmou que a redução no valor da gasolina foi insuficiente.

Pelo Twitter, a Conaie afirmou que o cancelamento das negociações confirmou o "autoritarismo, a falta de vontade e a incapacidade" do presidente e que ele será responsável pelas consequências dos atos. Os bloqueios em estradas têm impedido o transporte de suprimentos para refinarias de petróleo operados pela estatal Petroecuador e empresas privadas, disse o governo.

No fim de semana, o Ministério da Energia disse que as operações das refinarias poderiam ser interrompidas nesta terça. Na segunda, a produção total de petróleo estava em 234.496 barris por dia, menos da metade da produção de cerca de 520 mil barris antes dos protestos.

No entanto, o campo de petróleo ITT, o maior do Equador, operou normalmente na segunda-feira e produziu mais de 52 mil barris, de acordo com a Petroecuador. Já em outro ponto, a empresa afirmou que não tinha mais petróleo para transportar pelo oleoduto Sote. Uma fonte da companhia que pediu para não ser identificada disse que a firma analisa a possibilidade de adiar exportações.

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