Delegação dos EUA viaja à Venezuela, em 2ª visita em 3 meses ao país

Maduro divulga chegada de americanos; departamento de Estado afirma que enviados tratarão de cidadãos presos no país

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Caracas | AFP e Reuters

Uma delegação dos EUA chegou nesta segunda (27) à Venezuela para tratar da agenda bilateral e seguir com os diálogos iniciados em março entre Washington e Caracas, anunciou o ditador Nicolás Maduro.

De acordo com o líder do regime chavista, por meio da emissora estatal VTV, o chefe da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, recebeu "uma importante delegação do governo dos EUA, que chegou à Venezuela há duas horas" e "trabalha para dar continuidade às relações, à agenda bilateral".

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, após chegar ao aeroporto Simon Bolívar, em La Guaira
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, após chegar ao aeroporto Simon Bolívar, em La Guaira - Zurimar Campos - 18.jun.22/Presidência da Venezuela via AFP

Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, por sua vez, disse que a equipe americana é composta pelo enviado para assuntos relacionados a reféns, Roger Carstens, e pelo embaixador James Story —eles teriam ido à capital Caracas para discutir a situação de cidadãos do país detidos na Venezuela.

Após os americanos realizarem a primeira visita, há três meses, os chavistas libertaram Gustavo Cárdenas, um dos seis executivos da Citgo, subsidiária da petroleira venezuelana PDVSA nos EUA, presos em 2017 sob acusação de crimes financeiros, e o cubano-americano Jorge Alberto Fernández, turista acusado de terrorismo em 2021, num episódio sem nenhuma relação com o primeiro caso.

A iniciativa também tinha como pano de fundo a Guerra da Ucrânia e a explosão do preço do petróleo, já que os EUA baniram a importação de petróleo, gás e carvão da Rússia. Geograficamente próxima, mas há três anos em rompimento diplomático, a Venezuela concentra a maior reserva de petróleo do mundo.

As relações bilaterais estão estremecidas desde a ascensão do presidente Hugo Chávez ao poder, em 1999, e chegou ao seu nível mais baixo sob o governo Donald Trump (2017-2021). O republicano tentou derrubar a ditadura chavista ao reconhecer o líder opositor Juan Guaidó como presidente legítimo.

Em 2019, ano seguinte à reeleição amplamente contestada de Maduro para um segundo mandato de seis anos, Washington cortou relações diplomáticas com Caracas e fechou sua embaixada na capital.

Por outro lado, Venezuela e Rússia mantêm relações próximas há décadas. Na área militar, por exemplo, Moscou vendeu caças Sukhoi Su-30 e enviou uma frota da Marinha para a realização de exercícios militares no Caribe. Nas Nações Unidas, o governo Maduro não votou na sessão que condenou a invasão da Ucrânia, ainda que a principal razão para tal fosse o atraso no pagamento de dívidas com o órgão.

Foi Putin, junto à China e ao Irã, quem ajudou Maduro quando os americanos aplicaram embargos ao setor energético venezuelano e sanções a autoridades do país nos últimos anos. O petróleo é o setor mais importante da economia venezuelana e, antes das sanções, a maioria do produto era exportado aos EUA.

Agora, Washington tenta encontrar alternativas ao petróleo russo e bloquear a influência de Moscou em um país estratégico. Já a Venezuela busca negociar o fim das sanções contra o país caribenho.

Nesta segunda, uma autoridade da Presidência francesa afirmou que a comunidade internacional deve explorar todas as opções para aliviar a redução imposta pela Rússia no fornecimento de energia, o que gerou alta dos preços, incluindo negociações com países produtores, como Irã e Venezuela

"Há recursos em outros lugares que precisam ser explorados", disse uma autoridade francesa à margem da cúpula do G7, na Alemanha, ao ser questionada sobre como aliviar os altos preços do petróleo.

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