Descrição de chapéu União Europeia

França proíbe de documentos oficiais termos em inglês comuns em games

Governo diz que medida tem objetivo de preservar o idioma

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Com a justificativa de preservar o idioma pátrio, autoridades da França proibiram funcionários públicos de usarem de maneira formal palavras e expressões em inglês que são comuns em games.

As mudanças foram publicadas na edição de terça-feira (31) do Diário Oficial da República Francesa e já estão em vigor. O texto determina que os jargões de origem inglesa sejam banidos do vocabulário dos funcionários públicos, de publicações e de documentos oficiais.

Foto mostra um controle branco do videogame Xbox sendo segurando pela mão de uma pessoa branca. Ao fundo, há um computador com luzes cores rosa e verde, além de uma parede com iluminação neon azul e laranja
Controle do videogame Xbox - Diego Marín/Unsplash

Os termos "pro-gamer" e "streamer", por exemplo, agora devem ser substituídos, respectivamente, pelas versões francesas "joueur professionnel" (jogador profissional, em português) e "joueur-animateur en direct" (jogador apresentador ao vivo), aprovadas pelo governo.

A medida se estende também para setores da tecnologia, que devem substituir, por exemplo, o termo "cloud gaming" por "jeu video en nuage" (jogos em nuvem).

Segundo o Ministério da Cultura da França, o setor de videogames está repleto de anglicismos que atuam como uma "barreira ao entendimento" a quem não é familiarizado com o mundo dos jogos.

A pasta informou que especialistas fizeram buscas em sites e revistas de videogame para checar se termos em francês equivalentes às expressões em inglês já existiam. Ao desestimular o uso de palavras e expressões estrangeiras, o governo espera que a população se comunique com mais facilidade.

Especialmente ciosas da cultura e da identidade do país, autoridades francesas demonstram com frequência preocupação para preservar o idioma nativo.

Em fevereiro, a Academia Francesa, uma agência linguística secular, fez um alerta sobre o que chamou de "degradação do idioma que não deve ser vista como inevitável". Como exemplos, a academia citou o uso no dia a dia das expressões em inglês "big data" e "drive-in".

Em novembro, a inclusão do pronome "iel" —usado para designar pessoas não binárias, uma junção de "il" e "elle", pronomes masculino e feminino— na versão online do tradicional dicionário Le Robert despertou intenso debate na imprensa, com muitas figuras políticas se posicionando contra a novidade.

O governo francês se mostrou contra a ideia. O ministro da Educação à época, Jean-Michel Blanquet, resistiu a tentativas de incorporar a linguagem inclusiva no currículo escolar. "A escrita inclusiva não é o futuro da língua francesa", escreveu Blanquet no Twitter. Hoje, a pasta é ocupada por Pap Ndiaye, nomeado no novo gabinete do recém-reeleito Emmanuel Macron.

Charles Bimbenet, diretor do Le Robert, disse na ocasião que dicionários incluem palavras que refletem ideias ou tendências sem necessariamente subscrevê-las; e que, uma vez que a palavra "iel" é cada vez mais usada, era útil incluir o verbete. "A missão do Robert é observar a evolução de uma língua francesa diversa e reportá-la. Definir as palavras que descrevem o mundo nos ajuda a compreendê-lo melhor."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.