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Protestos contra presidente no Equador continuam mesmo após libertação de líder indígena

Detido por 24 horas, Leonidas Iza terá que se apresentar periodicamente à Justiça até o julgamento; atos já duram 3 dias

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Quito | AFP e Reuters

A Justiça do Equador libertou nas primeiras horas desta quarta (15) o líder indígena Leonidas Iza, que havia sido detido em meio aos atos contra o governo que já duram três dias. Ele foi acusado de paralisar o serviço de transporte público ao bloquear estradas e ficou preso por cerca de 24 horas.

Raúl Ilaquiche, que faz parte da equipe de defesa de Iza, disse à agência de notícias AFP que a juíza da cidade de Latacunga determinou que o líder indígena se apresente periodicamente ao Ministério Público até o início do julgamento. Os advogados consideram a detenção ilegal.

A Procuradoria destacou que a Justiça concedeu medidas alternativas à detenção em flagrante por "suposta paralisação de um serviço público" —crime que pode ser punido com até três anos de prisão.

Manifestante chuta viatura durante protesto em Quito
Manifestante chuta viatura durante protesto em Quito - Cristina Vega Rhor - 14.jun.22/AFP

Iza é presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) e lidera manifestações contra o governo de Guillermo Lasso, nas quais os indígenas exigem a redução do preço dos combustíveis e a renegociação de dívidas dos trabalhadores rurais com bancos, além de protestarem contra o desemprego e a concessão de licenças de mineração em territórios indígenas.

Os manifestantes disseram que a libertação não deve frear o movimento. "A convocação dessas marchas não é só um capricho dele. Os equatorianos estão sentindo na pele o alto custo de vida", disse Carlos Sucuzhanay, da Ecuarunari. "Queremos que o presidente se reoriente para trabalhar a serviço do país."

Entre 1997 e 2005, entidades ligadas a indígenas participaram de atos que ajudaram a derrubar três presidentes. Os povos nativos representam ao menos 1 milhão dos 17,7 milhões de equatorianos.

Iza, após deixar a prisão em Latacunga, foi saudado por apoiadores —uma mulher fez uma "limpeza" com plantas consideradas medicinais no corpo dele. Os manifestantes gritaram "viva a luta" e "viva a greve".

"Continuamos com a luta, não vamos tirar o direito de ninguém, esperamos apenas que nossos direitos que estão sendo violados também sejam ouvidos", disse o líder indígena. "Não vamos ficar desmoralizados." Uma onda de protestos no final do ano passado já havia aumentado a tensão entre Lasso e os indígenas e sido marcada por um congelamento no preço dos combustíveis.

Iza agora está proibido de deixar o país e deverá se apresentar ao Ministério Público às quartas e às sextas-feiras até 4 de julho, quando começará seu julgamento. A prisão serviu de combustível para os protestos, com viaturas incendiadas, jornalistas agredidos, vias bloqueadas —incluindo estradas que dão acesso a Quito, fechadas desde segunda-feira— e poços de petróleo paralisados.

Leonidas Iza ao ser libertado de base militar em Latacunga - Reprodução Conaie/AFP

Na capital, os manifestantes queimaram um veículo de patrulha. Na região da Amazônia, forçaram a paralisação das atividades nos poços da chinesa PetroOriental, que calcula perdas de 1.400 barris por dia.

Ao menos 20 pessoas foram detidas. Lasso disse que atos de vandalismo serão punidos e que protestos que afetem a recuperação econômica do país não serão permitidos. "Esperamos que a racionalidade seja a primeira coisa observada pelos líderes dos atos", disse o ministro do Interior, Patricio Carrillo.

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