Descrição de chapéu Governo Biden China

EUA pedem que China pare com provocação e se comprometem a defender Filipinas

Na véspera, Pequim pediu que países da Ásia evitem serem 'peças de xadrez' de potências globais

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Bangalore | Reuters

Em nova escalada de tensões na Guerra Fria 2.0, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, instou Pequim a cessar o que chamou de "comportamento provocativo" no mar do Sul da China. A declaração foi feita nesta terça (12), quando se completaram seis anos de uma decisão de Haia que apontou que os chineses não têm base legal para reivindicar "direitos históricos" sobre a maior parte da região.

Blinken aproveitou a data para reforçar a presença americana na Ásia. Ele reiterou que Washington defenderá as Filipinas se o país for atacado por forças chinesas —em maio, o governo de Manila acusou Pequim de bloquear a operação de dois navios de patrulha de sua guarda costeira e prometeu uma resposta ao aumento da presença militar chinesa na região, que é considerada estratégica.

"Reafirmamos que um ataque armado às Forças Armadas filipinas invocaria os compromissos de defesa mútua dos EUA", escreveu Blinken em comunicado, referindo-se a um tratado firmado entre os países em 1951. "Pedimos novamente à República Popular da China que cumpra suas obrigações sob o direito internacional e cesse seu comportamento provocativo."

Guarda costeiro filipino monitora navios chineses no recife disputado de Sabina, no mar do Sul da China
Guarda costeiro filipino monitora navios chineses no recife disputado de Sabina, no mar do Sul da China - 27.abr.21/Guarda Costeira das Filipinas via AFP

Na véspera, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, afirmou que os países devem evitar serem usados ​como "peças de xadrez" por potências globais em uma região que, segundo ele, corre o risco de ser remodelada por fatores geopolíticos. Em discurso ao secretariado da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) na Indonésia, o chanceler disse que nações asiáticas estão sob pressão para tomar partido. "O futuro da nossa região deve estar em nossas mãos."

Washington, em contrapartida, tenta coibir a influência chinesa. A vice-presidente Kamala Harris deve anunciar o estabelecimento de embaixadas dos EUA em Kiribati e Tonga, além da nomeação do primeiro enviado americano ao Fórum das Ilhas do Pacífico na história. O evento reunirá líderes de dez países nas ilhas Fiji com o objetivo de discutir acordos comerciais e de segurança oferecidos pela China.

O posicionamento firme de Pequim vem na esteira do aumento de exercícios militares nos últimos meses no mar do Sul da China, região estratégica para o comércio mundial e formada por mais de 250 ilhotas, recifes e pequenas massas de terra. Por ela, passam 80% do petróleo e do gás para a China.

As ações soaram como um desafio de Pequim a Washington, em um conflito que ganhou nova dimensão no mês passado, quando os chineses lançaram ao mar o Fujian, primeiro superporta-aviões. Estrategicamente, a prioridade do regime é dominar todo o entorno imediato, o que inclui também o estreito de Taiwan.

O aumento da tensão nos últimos dias destoa do tom mais sereno do encontro de cinco horas entre Blinken e Wang à margem da reunião do G20 em Bali. Ambos haviam afirmado que a primeira conversa presencial dos dois desde outubro foi sincera.

O chinês afirmou ter dito ao americano que ambos os lados deveriam discutir o estabelecimento de regras para interações positivas e defender o regionalismo na Ásia-Pacífico. "Os elementos centrais são [...] respeitar os direitos e interesses legítimos de cada um, em vez de tentar antagonizar ou conter o outro lado", disse Wang após o encontro.

Blinken afirmou ter usado a reunião para externar preocupação com o alinhamento da China com a Rússia, em meio à Guerra da Ucrânia.

Pequim reivindica o mar do Sul da China como seu território com base no que diz serem mapas históricos. Outros países da Asean refutam as reivindicações, que seriam inconsistentes com a lei internacional. Logo após a decisão do tribunal internacional em 2016, a China comunicou que não reconheceria a legitimidade da sentença. À época, os americanos temiam uma escalada da expansão chinesa na região.

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