EUA voltam a alertar China sobre alinhamento com a Rússia em meio à Guerra da Ucrânia

Chefes da diplomacia dos dois países se reuniram na Indonésia; Kiev deve iniciar contraofensiva na porção sul do território

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Nusa Dua (Indonésia) | Reuters

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, usou uma reunião de mais de cinco horas que teve com o chanceler chinês, Wang Yi, para novamente alertar Pequim sobre seu alinhamento com a Rússia em meio à Guerra da Ucrânia.

Os chefes das diplomacias se encontraram neste sábado (9), na Indonésia, às margens de um evento do G20. Comunicados de ambas as partes definiram a reunião como sincera e construtiva, mas o tom usado por Blinken a repórteres foi um pouco distinto —ainda que tenha defendido a manutenção de canais de diálogo.

"Voltei a externar o fato de que estamos preocupados com o alinhamento da China com a Rússia", disse. "Tentei mostrar que esse é um momento em que todos temos que nos levantar para condenar a agressão de Moscou."

O chanceler chinês, Wang Yi, conversa com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, após reunião em Nusa Dua, na Indonésia - Stefani Reynolds - 9.jul.22/Pool/Reuters

Blinken ainda refutou a alegação de Pequim de que sua posição é de neutralidade, visto que o país tem mostrado apoio e "amplificado a propaganda russa". "É difícil se manter neutro em se tratando dessa agressão. Há um agressor claro e há uma vítima clara."

O comunicado da chancelaria chinesa destacou termos como reciprocidade e benefício mútuo e não deu detalhes sobre o que foi discutido nas conversas que trataram da "questão ucraniana". Wang, porém, deixou claro que as relações entre os dois países estão em um momento delicado. "Muitas pessoas acreditam que os EUA estejam passando por um período de crescente sinofobia", disse.

O jornal estatal Global Times, geralmente crítico a Washington, noticiou que a diplomacia de Pequim "destacou o consenso entre as partes para evitar uma escalada do confronto".

O encontro entre Blinken e Wang serviu, de acordo com a versão apresentada previamente por autoridades americanas, para manter estáveis as relações entre os dois países, que travam uma espécie de Guerra Fria 2.0 —com as tensões ainda mais estremecidas desde que Xi Jinping e Vladimir Putin selaram, pouco antes da invasão da Ucrânia, uma "parceria sem limites".

Washington, desde então, já emitiu alertas de que caso essa posição leve a um apoio militar chinês à ação russa no país vizinho, o caminho pode ser de sanções como as impostas a Moscou pelo Ocidente.

Nas últimas semanas, os EUA têm voltado a tratar mais de perto de questões envolvendo Pequim, com uma série de encontros bilaterais. Há ainda a expectativa de que o presidente Joe Biden possa se reunir com o líder Xi Jinping no encontro oficial do G20, em novembro —segundo Blinken disse na Indonésia, uma conversa entre os dois deve acontecer em breve.

O secretário de Estado americano ainda destacou que expressou a Wang "profunda preocupação com a retórica e as atividades cada vez mais provocativas de Pequim em relação a Taiwan". O tema é outro que tem gerado faíscas entre as partes, já que a China considera a ilha autônoma parte de seu território.

Aos jornalistas Blinken também comentou sobre a recusa em se encontrar com o chanceler russo, Serguei Lavrov, na Indonésia. "O problema é que não vemos sinais de que a Rússia, nesse momento, esteja preparada para se engajar em uma diplomacia significativa."

O encontro de chanceleres do G20 foi mercado por um esforço dos EUA e de seus aliados ocidentais para aumentar a pressão contra Moscou para que o país encerre a Guerra da Ucrânia. A reunião, que inicialmente discutiria a recuperação econômica no pós-Covid, foi dominada por debates em torno do conflito, e até mesmo a tradicional foto em grupo dos líderes presentes foi cancelada.

Ucrânia deve iniciar contraofensiva no sul

No front da guerra, ataques voltaram a ser relatados na porção leste ucraniana, o Donbass. Na província de Donetsk, o governador regional afirmou que um míssil atingiu a cidade de Drujkivka. Já em Lugansk, autoridades disseram que tropas russas estavam atirando em toda a linha de frente da defesa de Kiev.

Kharkiv, a segunda maior cidade do país, também foi alvo de ataques com mísseis que teriam deixado três feridos, segundo o governo local.

A Ucrânia também dá sinais de que pode iniciar uma contraofensiva na porção sul do território. Na noite de sexta (8), a vice-primeira-ministra Irina Vereschuk pediu a todos os residentes das regiões de Kherson e Zapojíria, tomadas por Moscou, que deixem o local.

"Por favor, saiam, pois nosso Exército começará a retomar essas áreas, e será muito difícil abrir corredores humanitários depois."

Com AFP

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