EUA acusam membro da Guarda do Irã de plano para matar ex-assessor John Bolton

Washington não vê risco de prejuízo a negociações de acordo nuclear; Teerã chama acusação de ridícula

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Washington | Reuters

Os EUA acusaram nesta quarta-feira (10) um membro da Guarda Revolucionária do Irã de ter elaborado planos para matar John Bolton, conselheiro de segurança americano na ONU durante o governo de Donald Trump.

O Departamento de Justiça alegou que Shahram Poursafi, também conhecido como Mehdi Rezayi, 45, planejava o assassinato de Bolton como retaliação à morte de Qassem Suleimani, comandante da Guarda vítima de um ataque de drones comandado pelos EUA em janeiro de 2020.

O ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA John Bolton, em evento em fevereiro de 2020; ele seria alvo de um plano iraniano para matá-lo - Jonathan Drake/Reuters


O Irã não tem acordo de extradição com os americanos. Para o FBI, que emitiu um alerta e incluiu Poursafi na lista de mais procurados, ele é considerado foragido.

Em comunicado, uma porta-voz da chancelaria iraniana disse que o país está atento a "qualquer ação contra cidadãos iranianos sob o pretexto de acusações ridículas e sem fundamentos".

Segundo um funcionário da Casa Branca, Washington não considera que a acusação vá afetar as negociações com Teerã para retomar o acordo nuclear de 2015, pelo qual os iranianos paralisariam seu programa atômico em troca de suspensão de sanções econômicas.

O então presidente Donald Trump revogou o pacto em 2018, restaurando sanções que levaram o Irã a violar, no ano seguinte, os termos acordados de limites nucleares. Com essa medida, ressurgiram os temores de que o país poderia estar desenvolvendo um arsenal atômico —ambição que Teerã nega ter.

Conversas indiretas entre os dois países ocorreram em Viena nos últimos dias, na presença de autoridades da União Europeia —que indicaram terem visto avanços para a elaboração de um texto final que possa reavivar o acordo.

Segundo a acusação dos EUA, Rezayi pediu para um cidadão americano (identificado apenas como Indivíduo A) tirar fotos de John Bolton, sob o pretexto de que fariam parte de um livro. O Indivíduo, então, apresentou o iraniano a um informante secreto do governo americano, que poderia fazer o trabalho por determinado preço.

Ainda segundo os investigadores, Rezayi entrou em contato com o informante por meio de um aplicativo de mensagens criptografadas e lhe ofereceu US$ 250 mil (R$ 1,26 milhão) para contratar alguém que "eliminasse" Bolton —oferta que depois subiu para US$ 300 mil (R$ 1,52 milhão).

O informante relatou, em depoimento, que pediu ao iraniano mais detalhes acerca da empreitada. O membro da Guarda teria respondido que queria "o cara" morto e forneceu nome e sobrenome do ex-conselheiro de Trump.

Alerta do FBI de busca de Shahram Poursafi, acusado de querer matar o ex-assessor John Bolton - FBI via Reuters

Poursafi orientou o funcionário do governo a abrir uma conta de criptomoedas para facilitar o pagamento, e alegou que não importava como Bolton fosse morto, porque seu "grupo" iria solicitar um vídeo como prova de cumprimento do acordo.

Em um comunicado nas redes sociais, Bolton agradeceu ao Departamento de Justiça por agir nesse episódio. "Embora muito não possa ser dito publicamente agora, um ponto é inquestionável", afirmou. "Os líderes iranianos são mentirosos, terroristas e inimigos dos EUA".

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