Um gigantesco incêndio em tanques de petróleo em Matanzas, cidade no oeste de Cuba, chegou nesta segunda-feira (8) ao terceiro dia sob um risco ampliado de crescer ainda mais. Durante a noite, um segundo depósito desabou, fazendo com que a o fogo voltasse a perder o controle e atingisse uma terceira estrutura —horas depois, ela também colapsou.
As unidades que trabalhavam no local precisaram ser retiradas temporariamente. Enquanto os bombeiros combatem as chamas há mais de 48 horas, o balanço do incidente continua com um morto e 16 desaparecidos.
O incêndio de grandes proporções começou na noite de sexta-feira (5), quando um raio atingiu um tanque que integra uma central com oito grandes depósitos de combustível. Essa primeira estrutura continha 26 mil metros cúbicos de petróleo, quase 50% da capacidade máxima; na madrugada de sábado (6), ela desabou, e as chamas se propagaram para um segundo depósito, com 52 mil metros cúbicos de combustível. Foi este tanque que desabou entre domingo e segunda, atingindo o terceiro, do qual não se tem informações da quantidade armazenada.
O porto de Matanzas, cidade 105 quilômetros a leste de Havana, é o principal da ilha para recebimento de derivados de petróleo —o produto é usado principalmente no fornecimento de energia, saindo dali para abastecer usinas termoelétricas.
O governador provincial, Mario Sabines, disse que as chamas que tomaram o terceiro depósito pioraram a situação, com uma fumaça preta atrapalhando a visibilidade. Ele chamou o quadro como "muito complexo" e usou a imagem da tocha olímpica e de caldeirões de fogo para descrever o incêndio.
As autoridades coordenam os trabalhos com o apoio de brigadas enviadas por México e Venezuela —no fim de semana, o líder cubano, Miguel Díaz-Canel, citou ajudas também de Rússia, Chile e EUA. Quatro aviões mexicanos e um venezuelano pousaram no aeroporto de Varadero, a 40 quilômetros de Matanzas, com equipamentos e assistência técnica.
"A ajuda é importante, acredito que será decisiva", disse Díaz-Canel.
De acordo com o boletim médico mais recente, divulgado antes do colapso do segundo tanque, 24 pessoas continuam hospitalizadas, 5 delas em estado crítico. A conta de feridos, porém, passa de 120. As 16 pessoas reportadas como desaparecidas são bombeiros que estavam na zona mais próxima do incêndio.
O primeiro morto identificado no incidente é o agente Juan Carlos Santana, 60. Seu corpo, localizado ainda no sábado, foi sepultado neste domingo em Rodas. O Ministério da Saúde diz que está monitorando a população para detectar quadros por intoxicação respiratória; ao menos 5.000 pessoas precisaram deixar a região.
Parentes dos desaparecidos se reuniram com Díaz-Canel em um hotel do centro de Matanzas, onde recebem apoio de médicos e psicólogos. A TV estatal tem feito uma cobertura ao vivo do incidente.
A tragédia se dá três meses após uma explosão, por vazamento de gás, no hotel Saratoga de Havana, tragédia que deixou 46 mortos e mais de 50 feridos, com a destruição quase total do imóvel.
Também ocorre em meio a mais uma grave crise na ilha caribenha envolvendo o desabastecimento de energia elétrica, agravada pelas condições precárias nas termoelétricas. Desde maio, autoridades do regime preveem apagões a cada 12 horas, o que tem levado a protestos pontuais em pequenas cidades.
Cuba conta atualmente com capacidade média de distribuição de energia de 2.500 megawatts, insuficiente para suprir a demanda em horários de pico de consumo, que atinge 2.900 megawatts, segundo dados oficiais.
A rede elétrica cubana também convive com a obsolescência e, segundo analistas, está perto do colapso —num quadro agravado por incêndios recentes, que atingiram ao menos 2 das 20 usinas.
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