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Juiz dos EUA abre caminho para divulgação de mandado de operação na casa de Trump

Ação foi movida pela imprensa americana; Departamento de Justiça pode recorrer da decisão

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West Palm Beach | Reuters

Um juiz dos Estados Unidos determinou nesta quinta-feira (18) que o Departamento de Justiça, ao qual a polícia federal está subordinada, entregue um documento que liste os argumentos que embasaram a operação do FBI em uma casa do ex-presidente Donald Trump na Flórida, no último dia 8.

O magistrado Bruce Reinhart indicou que trechos desse registro podem vir a ser tornados públicos, mas não disse quando e de que forma isso acontecerá. O governo americano já havia se manifestado contra a divulgação, sob a alegação de que isso poderia atrapalhar as investigações.

Reinhart assinalou que sua decisão é passível de recurso, mas ordenou que o órgão da Casa Branca envie o documento lacrado à Justiça até a próxima quinta (25). A ação analisada nesta quinta foi movida por diversos veículos de imprensa dos EUA, como os jornais The New York Times e The Washington Post, que alegam que o interesse público se sobrepõe a outros motivos para o sigilo.

Donald Trump deixa a Trump Tower, em Nova York, dois dias depois que agentes do FBI revistaram sua casa em Mar-a-Lago
Donald Trump deixa a Trump Tower, em Nova York, dois dias depois que agentes do FBI revistaram sua casa em Mar-a-Lago - David 'Dee' Delgado - 10.ago.22 / Reuters

O juiz indicou que concorda com esta interpretação, dizendo acreditar que há trechos dos argumentos que embasaram a operação que podem ser revelados. Segundo ele, é muito importante que o público tenha o "máximo de informações" sobre o episódio.

O documento alvo da ação foi escrito e juramentado por agentes federais antes das buscas na casa de Trump. O material contém informações detalhadas sobre o inquérito no qual o ex-presidente está envolvido.

Reinhart já havia divulgado outros documentos da operação –a pedido da própria Casa Branca, porém. Na ocasião, os registros esclareceram que Trump é investigado por crimes de espionagem, obstrução de Justiça e destruição de documentos do governo.

Antes do pronunciamento do magistrado nesta quinta, o chefe da seção de contrainteligência e controle de exportação do Departamento de Justiça, Jay Bratt, disse que há outro interesse público em jogo: "o de que as investigações criminais possam avançar sem impedimentos".

Os veículos de imprensa, por outro lado, argumentam que o significado histórico da operação na Flórida supera quaisquer argumentos para manter o sigilo dos registros. "O público não poderia ter um interesse mais convincente em garantir a máxima transparência sobre este evento", disse Charles Tobin, um dos advogados dos veículos.

A defesa do ex-presidente também já se disse favorável à divulgação. Em declarações recentes, ele instigou o tribunal a publicar trechos confidenciais do pedido do DoJ. Nenhum de seus advogados, porém, apresentou formalmente a solicitação —uma delas, Christina Bobb, acompanhou o julgamento desta quinta.

Segundo do NYT, é improvável que detalhes mais delicados do inquérito sejam explanados pela Casa Branca, incluindo as razões principais para o mandado e o nome das testemunhas do caso —com as quais Jay Bratt demonstrou preocupação nesta quinta. Ele citou ameaças a dois agentes cujos nomes apareceram em uma cópia vazada do mandado.

Em Ohio, na semana passada, a polícia matou um homem armado que tentou invadir um prédio do FBI. Dias depois, um outro homem foi acusado de ameaçar agentes federais da Pensilvânia. A busca em Mar-a-Lago representou uma escalada nas investigações federais e estaduais contra Trump, que já manifestou interesse em concorrer novamente à Casa Branca em 2024.

O ex-presidente teve outro revés em outro caso nesta quinta. Allen Weisselberg, ex-diretor financeiro das Organizações Trump e colaborador próximo do ex-presidente, se declarou culpado por fraude e evasão fiscal. Ele terá que testemunhar no julgamento contra a empresa, de acordo com um comunicado de imprensa da promotoria de Manhattan.

Weisselberg, 75, é acusado de 15 crimes financeiros que envolvem US$ 1,76 milhão (cerca de R$ 9,13 milhões) em renda não declarada entre 2005 e 2021. O ex-diretor trabalha para Trump desde 1973 e é considerado um homem discreto. Até agora, se recusou a testemunhar pessoalmente contra republicano.

A investigação civil, mas sob as mesmas suspeitas de fraude financeira e fiscal, é liderada pela procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James. Trump, aliás, testemunhou sob juramento na semana passada, mas recusou-se a responder a perguntas, invocando a Quinta Emenda da Constituição.

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