Secretário de Biden diz que aprovou busca em mansão de Trump e pede fim de sigilo

Republicano diz apoiar divulgação dos documentos, que podem incluir informações sobre armas nucleares, segundo jornal

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington | Reuters

O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, confirmou nesta quinta-feira (11), pela primeira vez de forma oficial, que o FBI, a polícia federal americana, fez uma operação de busca em uma propriedade do ex-presidente Donald Trump na Flórida.

Em pronunciamento em Washington, Garland, que também atua como procurador-geral, disse que os agentes foram na segunda (8) a Mar-a-Lago como parte de uma investigação que apura se o republicano removeu, de forma ilegal, registros da Casa Branca ao deixar o cargo, em janeiro de 2021.

Procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, fala, em Washington, sobre o mandado de busca do FBI na casa do ex-presidente Donald Trump
Procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, fala, em Washington, sobre o mandado de busca do FBI na casa do ex-presidente Donald Trump - Leah Millis - 11.ago.22 / Reuters

Pessoas familiarizadas com a investigação disseram ao jornal The Washington Post, sob condição de anonimato, que os agentes federais estavam à procura de documentos relacionados a armas nucleares. Não ficou claro se os materiais diziam respeito aos EUA ou a outros países, tampouco se foram recuperados pelo FBI.

Até aqui, Trump era o único que havia confirmado a operação, que ele afirma ser parte de uma caça às bruxas para impedi-lo de se candidatar à Presidência em 2024. Nesta quinta, Garland disse que ele mesmo aprovou a operação e antecipou que o Departamento de Justiça pediu o fim do sigilo sobre o processo de buscas, devido ao interesse público.

Era incerto se os advogados de Trump apoiariam essa medida para esclarecer a natureza da investigação e a lista de objetos e documentos apreendidos. O próprio republicano, no entanto, disse que a defende. Na Truth Social, a rede social que criou após ser banido das maiores plataformas, ele disse que não se oporia à divulgação dos materiais.

"Não só não me oponho como também estou dando um passo a mais ao incentivar a imediata divulgação, embora essa ação tenha sido elaborada por democratas radicais de esquerda e possíveis oponentes políticos que têm um forte interesse em me atacar", escreveu Trump na noite de quinta.

Segundo o jornal The New York Times, aliados do ex-presidente temem que a Justiça torne públicas informações eventualmente prejudiciais. O governo americano tem até às 16h desta sexta (12), no horário de Brasília, para informar à Justiça se a defesa de Trump se oporá ou não.

Trump também refutou a possibilidade de que tivesse documentos sensíveis sobre armas nucleares. "A questão das armas nucleares é uma farsa", escreveu na manhã desta sexta, comparando a informação à investigação que apurou se o governo da Rússia ajudou Trump a se eleger, algo que também caracteriza como infundado.

A postura adotada pelo secretário de Justiça americano é considerada por analistas como pouco usual, por configurar discussão pública de uma investigação em andamento. A repercussão da operação e as acusações de Trump, porém, influenciaram o rito.

Desde segunda, quando o ex-presidente noticiou que policiais estavam em Mar-a-Lago, o governo tem sido alvo de críticas de apoiadores do republicano, que acusam Joe Biden de tentar interferir nas investigações para atacar seu antecessor —e provável rival em 2024.

Trump, que nesta quarta (10) se viu envolvido publicamente em outra ação judicial, ao ter que prestar depoimento em uma apuração sobre supostas fraudes fiscais de seu grupo empresarial em Nova York, reforça essas acusações. Em nota, ele disse que sua família, sua empresa e pessoas ao seu redor são "alvos de uma caça às bruxas com motivação política, apoiada por advogados, promotores e pela mídia".

Nesta quinta, após o pronunciamento de Garland, ele voltou a criticar a operação na Flórida e disse que sua defesa tem "cooperado totalmente" com a Justiça. "O governo americano pode ter tudo o que quiser, desde que nós estejamos com essas coisas", disse, em comunicado.

Em meio ao cerco ao republicano, ameaças contra o FBI também cresceram. Nesta quinta, um homem armado morreu após tentar invadir o prédio da polícia federal americana em Cincinnati, no estado de Ohio. Segundo a instituição, o suspeito foi barrado na entrada da sede e, minutos depois, reagiu com tiros a uma abordagem policial no trânsito. Os agentes revidaram —nenhum ficou ferido.

Não está claro se a ação foi motivada pela operação contra Trump, mas Garland condenou o ataque e disse que "não ficará calado quando a integridade dos funcionários do FBI for injustamente atacada". Já o diretor do FBI, Christopher Wray, disse que "ataques infundados à integridade do FBI corroem o respeito ao estado de direito".

O ex-presidente é alvo de diversas investigações nos EUA. Em fevereiro, ele recebeu agentes federais em sua casa e entregou 15 caixas de documentos que haviam sido retirados indevidamente da sede do Executivo americano. Elas continham correspondências trocadas com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, por exemplo.

Quatro meses depois, segundo o New York Times, autoridades do Departamento de Justiça voltaram a Mar-a-Lago à procura de mais arquivos relacionados à segurança nacional –a visita foi seguida de uma intimação. A não entrega dos arquivos, aponta a imprensa americana, pode explicar o mandado de busca feito na última segunda.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.