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Pequim rejeita recurso de caso de assédio precursor do #MeToo na China

Zhou Xiaoxuan denunciou conhecido apresentador de TV por acariciá-la sem consentimento quando era estagiária

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Pequim | AFP

Um tribunal de Pequim rejeitou nesta quarta-feira (10) um recurso de apelação em um caso de assédio sexual contra um apresentador de TV, frustrando grupos de ativistas. O episódio foi considerado um dos precursores do movimento #MeToo na China.

Zhou Xiaoxuan, 29, acusava o famoso apresentador Zhu Jun de beijá-la e acariciá-la à força em 2014, quando trabalhou como estagiária no canal estatal CCTV. A queixa foi apresentada em 2018 e, três anos depois, a Justiça rejeitou a denúncia, alegando falta de provas.

Zhou Xiaoxuan, também conhecida como Xianzi, do lado de fora do tribunal, com buquê de flores que recebeu de mulheres que apoiam seu caso - Noel Celis - 10.ago.22/AFP

Xiaoxuan, então, recorreu da decisão em setembro passado. Até que nesta quarta o tribunal anunciou ter rejeitado todos os pedidos de apelação e confirmou a decisão anterior, argumentando mais uma vez a falta de evidências. Ela pode voltar a recorrer, mas só se houver novos fatos.

Na época das denúncias, as acusações de Xiaoxuan foram estopim para uma onda de depoimentos semelhantes nas redes sociais. Ela solicitava um pedido de desculpas públicas de Zhu Jun e uma indenização por danos de 50 mil yuans (cerca de R$ 37,6 mil).

A primeira audiência do caso, realizada em dezembro de 2020, atraiu uma multidão incomum do lado de fora do tribunal, e a polícia chegou a deter jornalistas estrangeiros que estavam ali. Desta vez, um grupo menor de apoiadores se concentrou do lado de fora do tribunal, segurando cartazes que diziam "#MeToo" e "tudo de bom", em chinês. Havia forte policiamento, segundo relato da imprensa local.

"A forma como meu caso se desenrolou foi realmente difícil", disse ela à agência de notícias AFP minutos antes de a decisão ser proferida pelo tribunal de Pequim na quarta. "Temo que outras vítimas tenham medo de defender seus direitos depois de ver o que vivi."

Ao jornal britânico The Guardian, Xiaoxuan afirmou, após a audiência, que estava desapontada, mas que já esperava a negativa do tribunal. "Não vou desistir, mas também não sei o que fazer; parece que esgotamos todos os meios legais", desabafou.

​Zhu Jun processou Xiaoxuan por difamação. Ela, porém, alega que desconhece os desdobramentos do caso e que não foi mais notificada.

O movimento global #MeToo, que originalmente começou nos EUA, tem apresentado dificuldades na China desde 2018, quando diversas mulheres publicaram relatos de assédio sexual por parte de professores universitários, líderes intelectuais e dirigentes de ONGs.

As denúncias logo viraram alvo da internet rigidamente controlada do paísconhecida como o Grande Firewall—, e ativistas passaram a encontrar maneiras criativas de burlar a censura.

Uma das alternativas mais conhecidas foi o #MiTu", ou "coelhinho de arroz" em mandarim. Os usuários usaram o emoji de uma tigela de arroz e um coelho, assim como vários outros homófonos de "me too", juntamente com suas traduções em outras línguas.

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