Bolsonaro vai à Assembleia-Geral da ONU sem bilaterais de peso na agenda

Itamaraty atribui roteiro escasso ao curto período do presidente nos EUA e ao funeral da rainha Elizabeth 2ª

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai viajar na próxima segunda-feira (19) a Nova York, nos Estados Unidos, para participar da Assembleia-Geral das Nações Unidas, evento que reúne as principais lideranças do mundo e no qual, tradicionalmente, o Brasil faz o discurso de abertura.

Diferentemente de anos anteriores, porém, Bolsonaro não terá encontros em paralelo com chefes de governo de países da Europa Ocidental ou América do Norte, considerados de maior peso no cenário internacional.

Até o momento, estão confirmados encontros do brasileiro com os presidentes do Equador, Guillermo Lasso, da Guatemala, Alejandro Giammattei, da Polônia, Andrzej Duda, e da Sérvia, Aleksandar Vucic. Bolsonaro também deve se reunir com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, discursa na 76ª Sessão da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York - Eduardo Munoz - 21.set.22/Reuters

Em seu encontro com o diplomata português, o presidente deve abordar a Guerra da Ucrânia, a crise alimentar e a recuperação econômica no período pós-pandemia, além de defender a reforma do Conselho de Segurança —a vaga permanente no colegiado é uma demanda antiga da diplomacia brasileira.

No ano passado, o presidente teve um encontro com o então primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson às vésperas da abertura da Assembleia em Nova York. Na ocasião, eles falaram sobre a vacinação contra a Covid-19 —com Bolsonaro destacando que não tinha se imunizado— e dos preparativos para a COP26. Às margens do evento da ONU, pouco antes de discursar, também esteve com Guterres.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil minimizou o significado da agenda deste ano, escassa em relevância devido à falta de encontros com chefes de governo de países com mais influência geopolítica.

O secretário de assuntos multilaterais políticos do Itamaraty, embaixador Paulino de Carvalho Neto, atribuiu a falta de nomes mais significativos à incompatibilidade de agenda, uma vez que o presidente vai passar pouco tempo nos EUA, e à possibilidade de que outras reuniões importantes ocorram na véspera, em Londres, durante o funeral da rainha Elizabeth 2ª —no qual estarão presentes diversos líderes mundiais.

O encontro com o polonês Duda na edição deste ano da Assembleia-Geral repete agenda do ano passado. Na ocasião, Bolsonaro se reuniu com o líder nacionalista e ultraconservador, conhecido por suas medidas contra a liberdade de imprensa e contra direitos da comunidade LGBTQIA+.

Em 2020, devido à pandemia de coronavírus, os líderes participaram do evento por videoconferência. No ano anterior, o primeiro de Bolsonaro na Presidência, estavam previstos encontros com Boris Johnson e os presidentes de EUA, Polônia, Colômbia, Peru, Ucrânia e África do Sul. No entanto, os encontros bilaterais foram todos cancelados, por recomendações médicas, já que o brasileiro havia passado por uma cirurgia dias antes.

Naquele ano, no entanto, Bolsonaro compareceu a um coquetel oferecidos a chefes de Estado e de governo e manteve um encontro reservado com o então presidente americano Donald Trump —de quem o brasileiro se considera um aliado.

Bolsonaro viaja a Nova York no mesmo dia da cerimônia no Reino Unido e volta ao Brasil na terça-feira (20). Carlos França, ministro das Relações Exteriores, por outro lado, vai permanecer em Nova York durante toda a semana e tem reuniões marcadas com representantes de uma série de países, como Rússia, Japão, Belarus, El Salvador, Irã, Turquia, além do secretário-geral da Liga Árabe.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.