Rainha Elizabeth nomeará primeiro-ministro na Escócia devido a problemas de mobilidade

Nome do novo líder britânico será divulgado no próximo dia 5; Liz Truss é favorita

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Londres | AFP e Reuters

A rainha Elizabeth 2ª romperá com uma tradição e nomeará o novo primeiro-ministro do Reino Unido em sua residência de verão no Castelo de Balmoral, na Escócia, não no Palácio de Buckingham, em Londres. A mudança se dará devido a problemas de mobilidade, que já vêm afetando aparições públicas da chefe da monarquia.

Um porta-voz do palácio disse nesta quarta-feira (31) que a rainha se reunirá com o atual premiê, Boris Johnson, e seu sucessor —ou sucessora—, ainda não definido, no próximo dia 6 de setembro em Balmoral, onde ela tradicionalmente passa os verões.

Boris foi pressionado a renunciar em julho, depois que uma série de secretários deixaram o governo, em protesto pelos escândalos cada vez mais numerosos e frequentes da gestão.

O então recém-nomeado premiê Boris Johnson em audiência com a rainha Elizabeth no Palácio de Buckingham, em 2019 - Victoria Jones - 24.jul.19/Pool/AFP

A rainha, de 96 anos, terá uma audiência com o novo líder do Reino Unido, seja a secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, ou o ex-secretário das Finanças Rishi Sunak, logo após o encontro com Boris, segundo detalhou o porta-voz. A partir daí, o vencedor conversará semanalmente com a monarca –o que, desde o início da pandemia, tem sido feito por telefone.

O resultado da disputa pela liderança do Partido Conservador para suceder o demissionário premiê será anunciado na segunda-feira (5). As pesquisas mais recentes indicam que Truss é a favorita para ser apontada pelos correligionários da legenda.

A ideia da monarquia é que a nomeação em Balmoral dê certeza à agenda do novo primeiro-ministro, evitando mudanças de última hora caso a rainha tenha problemas. "Certamente, vamos nos certificar de que os arranjos para a entrega de poder se encaixem totalmente em torno dela e do que ela quiser", disse Boris a uma emissora britânica, referindo-se à monarca.

A rainha Elizabeth, cujo reinado teve 14 primeiros-ministros até o momento, precisou reduzir suas aparições públicas nos últimos meses devido a essas questões de mobilidade. Em maio, o príncipe Charles a substituiu no tradicional "discurso do trono" no Parlamento britânico, quando a chefe de Estado lê o programa legislativo elaborado para os próximos 12 meses.

Em outubro de 2021 ela ainda passou uma noite no hospital, por condições que não foram especificadas.

O primeiro-ministro, geralmente, é nomeado pela chefe de Estado depois de audiência no Palácio de Buckingham —parte da liturgia do dia. A última exceção se deu em 1952, quando a própria Elizabeth 2ª foi recebida por Winston Churchill no aeroporto de Londres —na época, ela voltava de viagem após ser informada da morte do pai, George 6º.

A Escócia sediará a cerimônia de nomeação num momento em que voltaram a crescer no país os debates sobre a desvinculação do Reino Unido. Em junho, a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, anunciou planos para um segundo referendo sobre a independência, em 2023. O tema já foi abordado na eleição britânica; tanto Truss quanto Sunak são contra a separação.

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