Um decreto que paralisa compras, vendas e transferências de armas no Canadá entra em vigor a partir desta sexta-feira (21), anunciou o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, em comunicado à imprensa.
O texto afirma que as normas bloqueiam também a importação de novos revólveres, mas que requerimentos submetidos antes de sua publicação serão processados normalmente.
A medida antecede um pacote de leis que pretende implementar o maior controle de armas no país em quatro décadas, parte de um "amplo plano estatal para responder à violência armada", segundo a nota. De acordo com o governo, o objetivo do decreto de agora é "manter os canadenses a salvo" enquanto a legislação é debatida no Parlamento.
A ação havia sido anunciada em maio, uma semana depois de um massacre que deixou 21 mortos em uma escola no país vizinho, os Estados Unidos. O ataque, em Uvalde, cidade no sul do Texas, foi o pior em uma instituição de ensino infantil americana em dez anos.
Depois disso, em julho, o próprio Canadá foi palco de um ataque a tiros que deixou dois mortos e o mesmo número de feridos na cidade de Langley, na área metropolitana de Vancouver.
"É nosso dever agir com urgência para remover essas armas mortais de nossas comunidades", afirmou Trudeau no comunicado, citando em especial o aumento do uso de revólveres na violência armada —o item foi utilizado na maioria dos crimes violentos envolvendo armas de fogo entre 2009 e 2020.
Com uma legislação mais restritiva que a dos EUA, o Canadá tem uma taxa de homicídios por armas de fogo que corresponde a menos de um quinto da do vizinho. Mas o índice é maior do que o de outros países ricos e vem aumentando. Em 2020, foi cinco vezes mais alto que o da Austrália, por exemplo.
Segundo a agência governamental de estatísticas, o número de crimes violentos envolvendo armas de fogo no Canadá correspondeu a menos de 3% do total. Mas desde 2009 a taxa per capita de armas sendo apontadas para alguém quase triplicou, e o índice de disparos com intenção de matar ou ferir quintuplicou.
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