Familiares velam crianças de massacre na Tailândia; 4 sobreviveram

Parentes choraram agarrados a lenços, brinquedos e mamadeiras; autópsia mostra que agressor não estava drogado

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São Paulo

Parentes e familiares em luto choraram agarrados a brinquedos e cobertores infantis nesta sexta-feira (7) em frente à creche alvo de um massacre na Tailândia. Na véspera, um ex-policial matou 34 pessoas no local, em um dos ataques mais mortais da história do país.

A maioria das vítimas —incluindo 24 crianças de dois a cinco anos— foi morta a facadas. O massacre em Uthai Sawan, cidade 500 km a nordeste de Bancoc, terminou com o agressor matando a própria esposa e o filho de quatro anos antes de se suicidar.

Três meninos e uma menina sobreviveram, informou a polícia nesta sexta. Eles foram esfaqueados na cabeça, foram atendidos por neurocirurgiões e apresentam boas condições de saúde.

Sittipong Taothawong conforta sua esoisa, Kanjana Buakumchan, enquanto ela segura a mamadeira e lenço do filho - Mana Vatsyayana - 7.out.22/AFP

Um policial afirmou à agência Reuters que as autópsias mostram que as crianças foram atingidas com uma faca grande e os adultos, baleados.

A polícia identificou o autor dos crimes como Panya Kamrab, ex-policial de 34 anos afastado do cargo de tenente-coronel no ano passado por problemas ligados ao uso de drogas. Ele enfrentava um julgamento por posse de metanfetamina e havia estado na corte horas antes do ataque.

Uma testemunha disse que viu o agressor saindo da creche após o massacre "como se estivesse dando um passeio".

A autópsia indicou que ele não estava drogado no dia do ataque, segundo o chefe da polícia nacional, Damrongsak Kittipraphat. "As razões [para o ataque] provavelmente envolvem a frustração pelo desemprego, pela falta de dinheiro e problemas familiares", afirmou, acrescentando que o agressor e a mulher tinham discussões de longa data.

"Eu não sei [por que ele fez isso], mas ele estava sob muita pressão", disse a mãe do agressor à Nation TV, citando dívidas que o filho contraiu e o uso de drogas.

Durante o funeral nesta sexta, alguns parentes desmaiaram e tiveram que ser atendidos por médicos. Após a cerimônia, parte dos enlutados foi ao templo Sri Uthai, onde ao menos 11 caixões seriam enterrados. O rei Maha Vajiralongkorn visitou o hospital para onde feridos foram levados.

O primeiro-ministro, Prayuth Chan-Ocha, deixou flores na creche e fez um momento de silêncio antes de se encontrar com as famílias das vítimas. Seu porta-voz, Anucha Burapachaisri, afirmou que o governo fará o possível para cuidar dos familiares e disse que o premiê pediu a todos que "sejam fortes para superar essa grande perda".

O papa Francisco, em comunicado, se disse profundamente entristecido, condenando o ataque como um "ato de violência indescritível contra crianças inocentes". Cerca de 30 delas estavam no local durante o massacre.

Uma testemunha relatou que o ex-policial de início atacou quatro ou cinco funcionários da creche, incluindo uma professora grávida de oito meses. A princípio, as pessoas confundiram o som dos tiros com fogos de artifício. O agressor então forçou a entrada em uma sala trancada onde as crianças dormiam e as esfaqueou.

Segundo as autoridades, o agressor ainda atropelou várias pessoas ao fugir do local. Além dos mortos, o ataque deixou ao menos 12 feridos, três deles em estado grave.

O episódio é um dos piores ataques solo envolvendo crianças da história. Em 2011, na Noruega, o militante da ultradireita Anders Brevik matou 69 pessoas, adolescentes em sua maioria, em uma colônia de férias organizada pela juventude trabalhista.

Outros casos incluem o massacre de Dunblane, na Escócia, em 1996, em que morreram 16 crianças, e o de Uvalde, no Texas, este ano, em que 19 crianças foram mortas.

A Tailândia é um dos países com o maior número de armas em circulação do mundo, e autoridades há muito se preocupam com o potencial de violência armada.

A Tailândia também é uma das nações com uma das maiores taxas de homicídios causados por armas no continente e o maior mercado para contrabando de armas de fogo do Sudeste Asiático, seguido por Camboja e Vietnã. Especialistas dizem que muitas das armas ilegais vêm de países vizinhos.

Com Reuters, AFP e The New York Times

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