Descrição de chapéu Eleições 2022 Governo Biden

Governo Biden expressa confiança em 2º turno pacífico no Brasil

Diplomacia reafirma segurança das instituições, e parlamentares pedem reconhecimento imediato do resultado

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Washington

Os Estados Unidos confiam que o segundo turno da eleição presidencial no Brasil será conduzido pelas autoridades com "o mesmo profissionalismo e o mesmo espírito pacífico e de dever cívico" que a primeira rodada do pleito, disse nesta sexta (28) o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

Em meio a preocupações em setores de Washington acerca de ameaças golpistas do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), Price afirmou que "a população do Brasil, dos EUA e do mundo todo têm toda a confiança de que o país será capaz de organizar um segundo turno da mesma maneira" que o primeiro, "conduzido com credibilidade e transparência".

Presidente dos EUA, Joe Biden, discursa em auditório da Casa Branca, em Washington
Presidente dos EUA, Joe Biden, discursa em auditório da Casa Branca, em Washington - Jonathan Ernst -26.out.22/Reuters

"A democracia brasileira foi testada pelo tempo, as instituições democráticas servem de modelo para nações no hemisfério [Ocidental] e no mundo. Temos toda a expectativa e confiança que isso continuará sendo verdade quando o Brasil concluir o segundo turno", disse o porta-voz a dois dias da eleição.

A declaração se dá no mesmo dia em que parlamentares da esquerda americana voltaram a escrever ao presidente Joe Biden pedindo reconhecimento imediato do resultado das urnas —Price não respondeu nesta sexta se o país pretende reconhecer automaticamente o vencedor.

Em carta ao presidente, 31 parlamentares —9 senadores e 22 deputados— afirmam que "repetidos ataques às instituições democráticas brasileiras" são "uma preocupação crescente". Assim, defendem que, diante da "recusa de Bolsonaro em admitir que respeitará o resultado da eleição e, na ausência de denúncias fundamentadas de irregularidades", os EUA e a comunidade internacional reconheçam prontamente já no domingo (30) o vencedor da eleição apontado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O receio entre quem acompanha política brasileira na capital americana é de um tumulto no Brasil similar ao de 6 de janeiro de 2021 em Washington, quando uma multidão insuflada pelo ex-presidente Donald Trump invadiu a sede do Congresso para impedir a confirmação da vitória de Biden na eleição.

A diplomacia americana tem tentado se distanciar o quanto possível de contestações ao processo eleitoral por parte do governo brasileiro. Em julho, após Bolsonaro convocar os embaixadores para disseminar teses golpistas sobre a eleição, a representação de Washington em Brasília emitiu comunicado em que afirmou confiar no sistema eleitoral brasileiro, descrito como um modelo.

Na carta enviada a Biden nesta sexta, os parlamentares se referem às urnas eletrônicas como "um dos sistemas de votação mais seguros e confiáveis do mundo" e afirmam que Bolsonaro não apresentou provas de fraude.

"Não obstante o claro compromisso da sociedade brasileira com a democracia, há fortes temores de que se Bolsonaro perder ele contestará os resultados do segundo turno, quando a diferença entre ele e Lula pode ser muito menor [que no primeiro turno]", dizem. "Se esses temores forem confirmados e Bolsonaro rejeitar ativamente os resultados das eleições, então devemos estar preparados para uma posição inequívoca em defesa da democracia no Brasil."

Assinam a carta, entre outros, os senadores Bernie Sanders, Patrick Leahy (presidente pro tempore do Senado) e o presidente da comissão de Relações Exteriores da Casa, Bob Menendez. Do lado dos deputados, também estão o chefe do comitê de Relações Exteriores, Gregory Meeks, e Jamie Raskin, que investiga a invasão do Capitólio —com exceção do independente Sanders, todos são do Partido Democrata.

É a manifestação mais eloquente feita pelos parlamentares americanos entre o primeiro e o segundo turno. A comunidade internacional esteve mais ativa na campanha anterior ao primeiro turno, quando os congressistas também escreveram a Biden, pedindo que ele deixasse claro que o Brasil perderia o apoio para ingressar na OCDE e o status de aliado extra-Otan se Bolsonaro insistisse em atos de tom golpista.

Na semana do primeiro turno, o Senado ainda aprovou uma moção de Sanders em favor da democracia no Brasil. No mesmo dia, 51 membros do Parlamento Europeu entregaram uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e ao chefe da política externa do bloco, Josep Borrell, que pedia para que a UE monitore o pleito e apoie as instituições democráticas do Brasil.

Do outro lado, nesta sexta, assim como fez durante o primeiro turno, Trump voltou a pedir que os brasileiros votem em Bolsonaro.

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