Ucrânia fala em 1 milhão sem energia após acusar Rússia de novos ataques

Moscou reconhece ofensivas contra infraestrutura do país; autoridades russas pedem saída imediata de civis em Kherson

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Kiev (Ucrânia) | Reuters e AFP

Usinas de abastecimento elétrico em toda a Ucrânia foram atingidas por mísseis russos neste sábado (22), de acordo com a Força Aérea de Kiev. Várias regiões do país relataram queda de energia, e, segundo o assessor do presidente Volodimir Zelenski, mais de um milhão de residências estão sem eletricidade.

Autoridades afirmam que mais de três dezenas de mísseis foram disparados. A Rússia tem realizado ataques contra estruturas de energia desde o dia 10, o que impôs dificuldades a até 40% de todo o sistema e fez com que ao menos metade da geração de energia térmica ficasse comprometida.

Bombeiros ucranianos trabalham em edifício destruído após bombardeio na capital, Kiev
Bombeiros ucranianos trabalham em edifício destruído após bombardeio na capital, Kiev - Yasuyoshi Chiba - 17.out.22/AFP

Na semana passada, a Ucrânia sofreu as maiores ofensivas russas com mísseis desde o início da guerra, em fevereiro. A ação foi uma resposta à explosão, por meio de um caminhão-bomba, da ponte da Crimeia, que liga a península anexada pela Rússia em 2014 ao território russo.

Para a estatal Ukrenergo, que opera a transmissão elétrica na Ucrânia, os danos da mais recente investida russa são "comparáveis ou podem exceder as consequências dos ataques entre 10 e 12 de outubro".

Também neste sábado, autoridades russas em Kherson pediram a saída imediata de civis da região. O comunicado veio após avisos de uma iminente ofensiva ucraniana para retomar o controle da cidade.

O aviso desencoraja a utilização de barcos para atravessar o Dnipro, importante rio para abastecimento de Kherson, e pede que todos departamentos e ministérios da administração russa deixem a região.

"Devido à situação tensa no front, o aumento do perigo de bombardeios e a ameaça de ataques terroristas, todos os civis devem deixar imediatamente a cidade e atravessar para a margem esquerda do rio Dnipro!"

Do lado ucraniano, as Forças Armadas dizem ter obtido vitórias à medida que suas forças avançavam para o sul, tomando pelo menos dois vilarejos que as tropas russas afirmam ter abandonado previamente.

Kherson é a única província que a Rússia manteve desde o início da invasão. A região é uma das quatro que o presidente Vladimir Putin afirma reivindicar "para sempre" como território russo. O líder do Kremlin disse estar preparado para usar armas nucleares para defender o que considera como terras russas.

A anexação declarada foi condenada por Ucrânia, aliados e Assembleia-Geral das Nações Unidas.

No Telegram, Zelenski escreveu a ação russa contra a infraestrutura ucraniana começou durante a noite e que "o inimigo disparou 36 mísseis, a maioria dos quais foi derrubada". Mais cedo, o comando da Força Aérea contou o lançamento de 33 projéteis, acrescentando que 18 deles foram evitados.

No começo da manhã de sábado, autoridades em diferentes regiões da Ucrânia começaram a relatar falhas em usinas de energia e quedas no fornecimento de eletricidade, enquanto engenheiros se esforçavam para tentar restaurar a rede. Governadores aconselharam moradores a estocar água.

Partes de Kiev também sofreram cortes de energia no início da noite e, em uma área central da capital, lojas foram fechadas, e semáforos, desligados. Na cidade de Mikolaiv, no sul do país, houve relatos de corte de energia durante várias horas, interrompendo os sinais de telefones celulares.

Em Nikopol, no sudeste, regularmente bombardeada por posições russas no rio Dnipro, as autoridades locais alertaram que as sirenes de ataques aéreos seriam desligadas devido aos cortes e que, em vez disso, veículos de emergência circulando pela cidade alertariam sobre a chegada de ameaças aéreas.

Para o assessor presidencial Mikhailo Podoliak, o objetivo de Moscou com as ofensivas é criar uma nova onda de refugiados na Europa. Já o vice-chefe da administração de Kiev, Petro Panteleev, afirmou que os disparos podem deixar a capital ucraniana sem energia e aquecimento por "vários dias ou semanas".

"Essa possibilidade existe... Temos que entender e lembrar disso", disse ao veículo Ekonomichna Pravda.

Moscou reconheceu ter como alvo a infraestrutura de energia, mas negou mirar civis.

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