Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Zelenski fala em 'ataque preventivo' da Otan, e Moscou o acusa de incitar guerra nuclear

Porta-voz corre para esclarecer que presidente da Ucrânia se referia a imposição de sanções

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Moscou | Reuters

Uma fala do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em que ele sugeriu que a Otan "atacasse preventivamente" a Rússia atraiu críticas do Kremlin e obrigou o próprio governo ucraniano a prestar esclarecimentos nesta sexta-feira (7).

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em visita à cidade de Izium, na região reconquistada de Kharkiv - Gabinete Presidencial da Ucrânia - 14.set.22/AFP

Em um discurso ao think thank australiano Lowy realizado na véspera por videoconferência, Zelenski afirmou que a aliança militar liderada pelos Estados Unidos deveria atacar o território russo para que eles "saibam o que acontecerá com eles se usarem" armas nucleares.

O líder ucraniano se referia a uma advertência feita por Vladimir Putin há menos de 20 dias, ao anunciar a anexação de quatro regiões ucranianas ocupadas. Na ocasião, o presidente russo disse que usaria todos os meios à sua disposição para proteger as áreas, incluindo bombas atômicas, e concluiu afirmando que aquilo não era um blefe.

A fala mais recente de Zelenski foi encarada como uma ameaça aberta de guerra nuclear por alguns dos principais porta-vozes do governo russo, segundo reportaram agências de notícias locais.

Ministro das Relações Exteriores do país, Serguei Lavrov afirmou que Zelenski "essencialmente apresentou ao mundo mais evidências das intimidações do regime de Kiev" e que sua fala justificaria a "operação militar especial" na Ucrânia —é assim que os russos se referem à invasão do país vizinho.

Porta-voz da pasta, Maria Zakharova chamou o líder ucraniano de "marionete inflada por armamentos", "um monstro cujas mãos podem destruir o planeta". Dmitri Peskov, representante do Kremlin, também condenou o apelo de Zelenski e afirmou que ele buscava "iniciar mais uma guerra mundial, com consequências imprevisíveis, monstruosas". Ambos acusaram o Ocidente de estar por trás da intensificação do conflito, EUA e Reino Unido em especial.

O governo ucraniano, por sua vez, buscou minimizar a fala. O porta-voz do presidente afirmou que ele se referia às sanções preventivas impostas pelos países ocidentais antes da guerra e assegurou que a Ucrânia jamais defenderia o uso de armas nucleares.

A ameaça também esteve na boca do americano Joe Biden, que nesta quinta (6) citou o risco de "Armagedom". Ele também, porém, teve a fala explicada por auxiliares. "O presidente reforçou o que temos dito, que é o quão seriamente levamos essas ameaças", disse a porta-voz da Casa Branca Karine Jean-Pierre, acrescentando que Washington não vê razão para mudar sua postura nuclear e não tem indicações de que a Rússia esteja se preparando para usar armas nucleares em breve.

Kiev formalizou um pedido de adesão rápida à Otan na sexta passada (30). A organização tem sido personagem central do conflito —um dos argumentos listados pela Rússia para justificar a invasão era o avanço da aliança militar em sua vizinhança estratégica.

No front, autoridades ucranianas disseram nesta sexta ter encontrado uma vala comum na cidade de Liman, recentemente reconquistada na região de Donetsk. Segundo o governador Pavlo Kirilenko, é incerto o número de corpos enterrados no local, mas um agente de segurança informou à agência de notícias Ukrinform que seriam cerca de 180.

No mês passado, as forças ucranianas encontraram 436 corpos sepultados na cidade de Izium, no nordeste do país –segundo Kiev, a maioria parecia ter sofrido mortes violentas. Situação semelhante aconteceu em Butcha, onde mais de 450 cadáveres foram encontrados espalhados pela cidade em abril.

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