Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia reage a anexação pela Rússia e reforça pedido para entrar na Otan

Volodimir Zelenski afirma em vídeo que não há chances de negociação de Vladimir Putin como presidente

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Kiev | Reuters

Em resposta à anexação de porções de seu território pela Rússia, a Ucrânia formalizou nesta sexta (30) um pedido de adesão rápida à Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA que está no centro da retórica do presidente Vladimir Putin para a guerra.

O líder ucraniano, Volodimir Zelenski, apareceu em um vídeo no aplicativo Telegram assinando os documentos para solicitar o ingresso. "Estamos dando um passo decisivo ao assinar esse pedido."

Volodimir Zelenski, presidente da Ucrânia, ao lado do premiê Denis Chmihal e do parlamentar Ruslan Stefantchuk, segura documento de pedido de adesão à Otan - 30.set.22/Divulgação Presidência da Ucrânia via Reuters

A declaração é uma réplica ao discurso feito por Putin, também nesta sexta, em uma espécie de show da anexação com direito a telões na praça Vermelha, em Moscou, para marcar a incorporação de quatro regiões do leste e do sul ucranianos ao território russo —a saber, Kherson, Zaporíjia, Donetsk e Lugansk.

O líder do Kremlin, ignorando a contestação com base no direito internacional e a reação de líderes ocidentais, reuniu-se com a elite russa para formalizar o processo de anexação. Afirmou, ainda, que está aberto a negociar a paz —em seus próprios termos, que incluem a anuência de Kiev a um cessar-fogo unilateral para o confronto.

O aval ucraniano às condições de Putin não poderia estar mais distante. "A Ucrânia não negociará com a Rússia enquanto Putin for o presidente; negociaremos com um novo presidente", disse Zelenski.

"Sabemos quem nos ameaça; quem está pronto para matar; quem, para expandir sua zona de controle, não poupa selvagerias."

A Otan ainda não comentou formalmente o pedido, mas o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, descreveu a anexação das quatro regiões ucranianas como ilegal e ilegítima. "Os aliados da Otan não reconhecem nem vão reconhecer nenhum desses territórios como parte da Rússia", afirmou, durante discurso em Bruxelas.

O norueguês acusou Putin de provocar a mais séria escalada na guerra no Leste Europeu, referindo-se ao que, na prática, é a maior anexação na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. "Putin mobilizou centenas de milhares de soldados, impôs uma ameaça nuclear irresponsável e, agora, anexou ilegalmente o território ucraniano."

A Otan tem sido personagem central do conflito. Ao iniciar a invasão na nação vizinha que outrora esteve a seu lado na União Soviética, a Rússia listava como argumentos as alegações de que Kiev praticava uma espécie de genocídio no Donbass, o leste russófono do país, e de que seria preciso "desnazificar" o território ucraniano. E também falava sobre o avanço da aliança militar em sua vizinhança estratégica.

Criada em 1949, durante a Guerra Fria, a princípio com 12 países, como uma frente militar contra a União Soviética, a Otan se expandiu e conta com 30 membros. A Ucrânia é considerada uma espécie de aliada.

A guerra iniciada por Moscou em fevereiro deste ano empurrou também outras duas nações, antes neutras militarmente, no caminho da aliança. Em maio, Finlândia e Suécia formalizaram pedidos para entrar na Otan, que assinou o acordo de adesão em julho.

Ainda há chão até que o ingresso de concretize: os países-membros da aliança precisam aprovar, em seus Parlamentos, o ingresso das nações nórdicas. O ponto de tensão está na Turquia, que, embora tenha aceitado apoiar os dois novos membros, fez uma série de exigências e tenta se equilibrar entre relações amistosas com Kiev e Moscou.

Ainda nesta sexta, outros líderes repudiaram a ação russa. O presidente americano, Joe Biden, afirmou que o Ocidente não vai se deixar intimidar por Putin. "Vamos exortar a comunidade internacional a denunciar esses movimentos e fazer com que a Rússia pague." Seu assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan, disse que Washington leva as ameaças nucleares do líder de Moscou a sério, mas que não vê indicações do uso desse tipo de armamento em breve.

Biden também chamou de "ato deliberado de sabotagem" as explosões recentes em ramais dos gasodutos Nord Stream no mar Báltico, que levaram a uma troca de acusações entre europeus e Moscou. Segundo ele, "os russos agora estão bombeando desinformação e mentiras".

Em Kiev, o chanceler Dmitro Kuleba disse que "nada muda para a Ucrânia". Segundo ele, Putin não controla os territórios que alegou ter anexado "nem fisicamente em campo".

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