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Aliança de Ortega vence eleições municipais na Nicarágua, e opositores denunciam farsa

Oposição diz que pleito deve consolidar poder do ditador, com controle quase total dos governos locais

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Manágua | AFP

A aliança liderada pelo partido do ditador Daniel Ortega venceu por maioria esmagadora a disputa por 153 prefeituras na Nicarágua, segundo relatório com resultados parciais divulgado nesta segunda-feira (7). A vitória, contudo, é contestada pela oposição, que alega farsa.

O levantamento feito pelo CSE (Conselho Supremo Eleitoral) aponta que a aliança Nicarágua Triunfa, liderada pela FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional), a legenda de Ortega, obteve o controle dos 112 municípios em que os resultados foram divulgados, incluindo a capital do país, Manágua.

"Concluímos com sucesso um exercício cívico e soberano", disse a presidente do CSE, Brenda Rocha, sem especificar o nível de participação dos eleitores. Ela apresentou os resultados em conferência realizada 12 horas após o encerramento da votação, neste domingo (6). O observatório independente Urnas Abertas estimou que a abstenção foi de 82,7%, em pesquisa com índice de confiança estimado em 95%.

O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, discursa em Manágua
O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, discursa em Manágua - Jairo Cajina - 28.set.22/Divulgação Presidência da Nicarágua via AFP

Os sandinistas já controlavam 141 das 153 prefeituras em disputa, além de outras três que antes eram governadas pela oposição e cujos prefeitos foram substituídos por membros da FSLN.

Diante do resultado divulgado, líderes da oposição disseram que o pleito consolidará o poder de Ortega, com o controle quase total dos governos locais. Milhares de nicaraguenses com mais de 16 anos foram às urnas para eleger prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nos 153 municípios do país, num processo que o bloco de oposição Unidade Nacional Azul e Branco, com a liderança no exílio, chamou de farsa.

Originalmente de esquerda, a FSLN participou da eleição junto a quatro partidos de direita, que a oposição chama de "colaboradores", além de uma sigla indígena de duas regiões do Caribe.

Ortega, que lidera a Nicarágua desde 2007, obteve o quarto mandato consecutivo no ano passado em meio a um cenário em que seus principais rivais foram presos. Acusado de autoritarismo e nepotismo, o ditador de 76 anos afirmou neste domingo que os eleitores estavam "votando pela paz".

Na avaliação do dissidente sandinista e acadêmico independente Oscar René Vargas, citado pela agência de notícias AFP, Ortega tenta convencer seus detratores de que vai permanecer no poder, abrindo a possibilidade de diálogo diante da crise que o país enfrenta desde os protestos da oposição em 2018.

A ditadura considera que o movimento foi uma tentativa de golpe com o apoio dos Estados Unidos. Mais de 200 opositores continuam presos.

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou "preocupação" com as denúncias sobre a suposta prisão de ao menos oito pessoas durante o processo eleitoral. Antes, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos lamentou na semana passada "a falta de condições mínimas" para "realizar eleições livres" na Nicarágua.

A Nicarágua foi assunto frequente na disputa pela Presidência do Brasil, com o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), tentando associar o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao regime.

Em agosto, durante a campanha, o atual chefe do Executivo chamou a atenção ao aparecer com a palavra Nicarágua escrita na mão durante sabatina realizada pelo Jornal Nacional.

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