Primeira-ministra da Finlândia é absolvida de acusação de má conduta em festa privada

Vazamento de vídeo em que Sanna Marin aparece dançando em festa privada gerou críticas

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São Paulo

A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, foi inocentada nesta sexta-feira (4) em investigação oficial das acusações de má conduta e negligência às quais respondia. A decisão pode colocar um ponto final na crise em que a social-democrata de 36 anos foi mergulhada após o vazamento do vídeo que a mostrou dançando com influenciadores e artistas em uma festa privada em agosto.

O episódio gerou críticas, algumas com teor misógino, de parte da oposição e de alguns meios de comunicação, que sugeriram que tal conduta era incompatível com sua posição.

Investigações conduzidas pelo chanceler da Justiça finlandesa, Tuomas Pöysti, contudo, concluíram que Marin em nenhum momento se descuidou de suas responsabilidades. Ele atua como uma espécie de procurador-geral e é encarregado de fiscalizar a legalidade das ações do governo.

A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, durante entrevista coletiva em Helsinque, na Finlândia
A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, durante entrevista coletiva em Helsinque, na Finlândia - Roni Rekomaa - 19.ago.22/Lehtikuva/AFP

O veredicto da investigação foi apresentado nesta sexta. "Não há razão para suspeitar que a primeira-ministra tenha tido uma conduta ilegal no desempenho de suas funções ou qualquer negligência em suas responsabilidades oficiais", escreveu Pöysti na decisão.

Além de críticas ao que seria um comportamento inadequado para uma chefe de governo, Marin foi acusada de ter prejudicado a "reputação e a segurança" da Finlândia, o que também foi rejeitado pelo chanceler da Justiça. Pöysti disse que as queixas não detalharam qual dever oficial a primeira-ministra supostamente teria deixado de cumprir ou quais tarefas ela teria sido incapaz de realizar.

O vídeo de Marin festejando circulou nas redes sociais e logo foi republicado por meios de comunicação no país e no exterior. Em um momento em que a Europa vive instabilidade em diferentes camadas com a Guerra da Ucrânia, ela teve de enfrentar a opinião de que sua participação em festas poderia interferir na capacidade de cumprir rapidamente as funções se uma crise repentina atingisse o país.

O episódio abalou a primeira-ministra, que chegou a defender em tom emocionado seu "direito à alegria e à vida", em resposta a onda de críticas. Marin se viu na obrigação também de dizer que nunca usou drogas ilegais —nem quando era mais jovem, antes de entrar para a política— e que sua capacidade de desempenhar as funções oficiais permaneceu intacta nas noites em questão.

Para corroborar a declaração, a primeira-ministra se submeteu a um teste de detecção de drogas, cujo resultado foi negativo. Marin, que se tornou a líder de governo mais jovem do mundo em dezembro de 2019, aceitou fazer o exame após pedidos de membros de sua coalizão de governo e da oposição. A líder social-democrata disse ainda que não viu ninguém usando drogas na festa da qual participou.

Enquanto muitos a elogiaram por conciliar um cargo cheio de exigências com uma vida privada ativa, outros questionaram sua decisão de se permitir filmar, ainda que com a promessa de que os vídeos não seriam divulgados. Algumas das críticas tinham teor misógino, com internautas e meios de comunicação ressaltando o fato de Marin ser casada e usando palavras chulas para se referir à primeira-ministra.

As críticas foram acompanhadas por mensagens de solidariedade. Diante da repercussão do caso, mulheres de vários países se manifestaram nas redes sociais em solidariedade à primeira-ministra. Na campanha, elas usaram a hashtag #solidaritywithsanna e postaram vídeos de si próprias dançando em festas, além de frases como "deveríamos dançar um pouco mais" e "continue dançando, Sanna Marin".

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