Rússia transfere Brittney Griner para colônia penal, e paradeiro da atleta é incerto

Advogados e embaixada não foram notificados sobre localização ou destino da jogadora de basquete

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Washington | Reuters

A estrela americana do basquete Brittney Griner, presa na Rússia há oito meses, foi retirada na sexta-feira passada (4) de um centro de detenção próximo a Moscou e está a caminho de uma colônia penal não revelada, segundo informaram seus advogados nesta quarta-feira (9).

A transferência para um local desconhecido traz preocupações sobre o bem-estar e a segurança da jogadora de basquete. Normalmente, a embaixada dos Estados Unidos na Rússia e os advogados são notificados por email acerca do paradeiro de prisioneiros americanos, algo que não aconteceu desta vez.

Televisão exibe Brittney Griner em cela, durante audiência em tribunal de Moscou, na Rússia - Kirill Kudriavstev - 25.out.22/AFP

A defesa de Griner diz que está há duas semanas sem saber onde a atleta se encontra. A transferência de prisioneiros na Rússia pode levar muito tempo devido à extensão territorial do país –o maior do mundo.

Para os advogados, o destino não foi revelado devido ao alarde da cobertura da mídia sobre o caso e em razão de tensões geopolíticas. Griner foi sentenciada, em agosto, a nove anos de prisão, e sua condenação determina a ida a um campo de trabalho forçado –é incerto onde a pena será cumprida.

O caso vem arrastando atritos diplomáticos entre Moscou e Washington em meio à Guerra da Ucrânia, e as negociações iniciais para extradição aventaram, inclusive, uma troca de prisioneiros —Moscou admitiu a possibilidade de libertar Griner e um ex-militar em troca do traficante de armas preso nos EUA Viktor Bout. Moscou nega comentar publicamente essa negociação.

Ainda nesta quarta, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que Griner estava sendo transferida para uma "colônia penal remota". Ele disse esperar que as autoridades russas permitam o contato entre funcionários da embaixada e os detentos americanos.

Karine Jean-Pierre, secretária de imprensa da Casa Branca, disse que, "apesar da falta de boa-fé da Rússia, o governo dos EUA segue acompanhando a oferta e propondo alternativas para avançar" na libertação da atleta. Recentemente, o presidente americano, Joe Biden, afirmou ter orientado seu governo a fazer mais esforços para que a Justiça russa melhore as condições oferecidas a Griner na prisão.

A jogadora foi presa em março em um aeroporto na Rússia sob a acusação de posse e contrabando de cartuchos de cigarro eletrônico com óleo de cânabis —substância ilícita no país. Desde então, sua defesa tenta reverter a sentença. Em outubro, um recurso para reduzir a pena foi negado.

Internos das colônias penais da Rússia encaram condições severas: um regime tedioso de trabalho manual, falta de higiene e acesso precário a atendimento médico. O mais conhecido opositor de Vladimir Putin, Alexei Navalni, condenado pela acusação de fraude e desrespeito à Justiça, exibiu em julho nas redes sociais o cotidiano da colônia penal em que está detido.

Navalni contou que trabalha sete horas diárias diante de uma máquina de costura, sentado em uma banqueta mais baixa que seus joelhos. No tempo livre, disse que recebe medidas educativas: fica sentado por horas a fio abaixo de um retrato de Putin.

Maria Aliokhina, presa há quase dois anos por ter participado de um protesto em 2012 do grupo feminista Pussy Riot, concedeu entrevista à agência de notícias Reuters na semana passada. A ativista contou que 80 mulheres dormiam em um quarto com apenas três banheiros e sem água quente. Ela comparou as condições a um Gulag, o campo de trabalho forçado criado durante a era soviética.

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