Brittney Griner tem recurso negado na Rússia, e sentença de 9 anos se mantém

Jogadora de basquete americana é acusada de contrabando de óleo de haxixe; caso esquentou tensões com Washington

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São Paulo

O recurso apresentado pela defesa da jogadora de basquete americana Brittney Griner foi negado pela Justiça russa nesta terça-feira (25). Em agosto a atleta foi condenada a nove anos de prisão por posse e contrabando de cartuchos de cigarro eletrônico com óleo de cânabis, elevando as tensões diplomáticas entre Moscou e Washington em meio à Guerra da Ucrânia.

Logo depois da condenação, Griner e seus advogados pediram a absolvição ou a redução da sentença, argumentando que ela era desproporcional ao crime e em desacordo com a prática judicial do país. O tribunal ignorou o pedido e manteve a decisão.

A jogadora de basquete americana Brittney Griner
A jogadora de basquete americana Brittney Griner - Evguênia Novojenina/Pool/AFP

Participando da audiência por videoconferência, a jogadora disse que a sentença "tem sido muito estressante e traumatizante", segundo o relato de uma jornalista da agência de notícias AFP. "Pessoas que cometeram crimes mais graves receberam penas menores do que a que me deram."

Ela disse que usava cânabis medicinal para aliviar a dor de uma série de lesões esportivas —o uso recreativo e medicinal da substância é proibido na Rússia.

Alexander Boikov, advogado de defesa de Griner, pediu ao tribunal que refletisse sobre a possibilidade de absolvição. "Nenhum juiz diria, de coração aberto, que a sentença de nove anos está de acordo com a lei criminal russa."

Ele listou uma série do que disse serem falhas processuais na condenação e defendeu a absolvição, ponderando em sua solicitação que, "se o tribunal quiser puni-la, [deveria] dar-lhe um novo veredicto 'justo' e mitigar a punição".

Depois de se retirar por não mais de 30 minutos para analisar o recurso, o juiz principal disse que o veredicto original estava mantido "sem alterações", exceto pela contagem do tempo de prisão preventiva como parte da sentença.

O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse em comunicado que Griner foi "detida injustamente em circunstâncias intoleráveis". Nesta terça, reforçou que o presidente Joe Biden "foi muito claro sobre o fato de que Brittney deve ser liberada imediatamente".

Ele afirmou ainda que o julgamento do recurso foi falso e completou dizendo que os EUA continuarão empenhados em ajudar a atleta a voltar para seu país.

Questionado sobre o caso em Washington, Biden disse que se mantém em constante contato com autoridades russas na tentativa tirar Griner da prisão. "Não vamos parar", afirmou.

Griner foi presa em 17 de fevereiro em um aeroporto de Moscou, uma semana antes de a Rússia enviar tropas para a Ucrânia. Seu caso acabou sendo incorporado ao contexto de crise que surgiu nos EUA e ganhou um tom geopolítico devido à ofensiva russa na Ucrânia. Outros americanos estão presos na Rússia e os EUA também lutam por sua libertação.

A atleta admitiu que carregava óleo de cânabis, mas alegou que o levou para a Rússia acidentalmente. Griner afirmou que usava a substância legalmente nos EUA para aliviar dores. Ela estava na Rússia para jogar na liga de basquete feminino do país no período de intertemporada do esporte nos EUA —algo que jogadoras costumam fazer para complementar a renda.

Nos EUA, Griner é contratada do Phoenix Mercury. Bicampeã olímpica (Rio-2016 e Tóquio-2020), aos 31 anos e 2,06 metros de altura, ela é considerada uma das estrelas do basquete no país desde a liga universitária.

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