Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ataques da Rússia à Ucrânia no último dia de 2022 matam ao menos 1

Operações atingem Kiev e deixam feridos; países fazem troca de prisioneiros

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Kiev e Moscou | Reuters

O ano que ficará marcado pelo início da maior guerra em décadas na Europa se encerrou neste sábado (31) na Ucrânia com uma nova leva de ataques russos. Segundo a Reuters, explosões foram relatadas em todo o país, e ao menos uma pessoa morreu e oito ficaram feridas em Kiev.

A agência reportou ao menos dez explosões na capital ucraniana. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que um dos feridos seria um jornalista japonês –ele foi levado ao hospital, mas não foram divulgadas informações sobre seu estado de saúde. Um hotel ao sul da cidade foi atingido, e um prédio residencial em outro distrito foi danificado, de acordo com a prefeitura.

Um homem abraça seu filho onde um míssil russo caiu em Kiev, na Ucrânia
Um homem abraça seu filho onde um míssil russo caiu em Kiev, na Ucrânia - Valentin Ogirenko/Reuters

O governador da região de Kiev, Oleksii Kuleba, alertou ainda antes da explosões que as defesas aéreas ucranianas tentavam neutralizar mísseis de Moscou. "O país terrorista [Rússia] lançou várias ondas de mísseis. Eles estão nos desejando um feliz Ano-Novo, mas vamos perseverar", escreveu no Telegram.

Outras cidades também foram atacadas. Em Mikolaiv, o governador Vitali Kim disse que seis pessoas ficaram feridas. No Telegram, ele afirmou que a Rússia tem civis como alvo, o que Moscou nega desde o início da guerra. "Os ocupantes estão atacando não apenas locais críticos; em muitas cidades [estão visando] simplesmente áreas residenciais, hotéis, garagens e estradas."

Na cidade de Khmelnitski, no leste do país, duas pessoas ficaram feridas em um ataque de drone, disse o assessor da Presidência ucraniana Kirilo Timochenko. O Ministério da Defesa, por sua vez, disse após as explosões que "a cada novo ataque com mísseis contra a infraestrutura civil, mais e mais ucranianos estão convencidos da necessidade de lutar até o colapso completo do regime de [Vladimir] Putin".

Os ataques deste sábado, ao menos simbolicamente, repetem os da semana passada, quando dez pessoas morreram e outras 58 ficaram feridas na cidade de Kherson, na véspera de Natal.

Ainda neste sábado, o presidente russo disse que seu país nunca cederá às tentativas do Ocidente de, segundo ele, usar a Ucrânia como ferramenta para destruir a Rússia. Em um vídeo de Ano-Novo transmitido pela TV estatal, Putin disse que a "justiça moral e histórica" está ao seu lado e que Rússia está lutando na Ucrânia para proteger sua pátria e garantir a "verdadeira independência" de seu povo.

Ele acusou o Ocidente de mentir para a Rússia e de provocar Moscou. "Durante anos, as elites ocidentais nos garantiram, hipocritamente, suas intenções pacíficas", disse. "Na verdade, de todas as maneiras possíveis, eles estavam encorajando os neonazistas que conduziam o terrorismo aberto contra civis no Donbass."

A referência é a grupos neonazistas que se juntaram às forças de Kiev na região.

O discurso de Putin neste ano foi diferente dos anteriores. Com nove minutos, foi o mais longo que ele já fez desde que assumiu o poder, inicialmente em 2000; o tom combativo também não lembrou as falas em geral mais festivas. O presidente gravou a mensagem ao lado de militares em um quartel-general, não sozinho no Kremlin.

Do outro lado do front, o ucraniano Volodimir Zelenski disse em sua mensagem de fim de ano que seu país continuará a lutar pela vitória no conflito. Emmanuel Macron, por sua vez, afirmou que seu homólogo de Kiev poderá contar com a França em 2023, também "até a vitória". "No ano que está começando, estaremos ao seu lado", disse.

Ucrânia e Rússia trocaram mais de 200 prisioneiros de guerra neste sábado. O Ministério da Defesa russo informou que 82 soldados foram libertados por Kiev, enquanto a Presidência ucraniana anunciou que a Moscou fez o mesmo com 140 militares —alguns presos desde a tomada de Mariupol.

Ainda assim, conversas de paz entre Kiev e Moscou parecem distantes. Nesta semana, o chanceler russo, Seguei Lavrov, disse que seu país não aceitará propostas de paz oferecidas pela Ucrânia. Já Zelenski voltou a repetir que não negociará com Moscou enquanto Putin estiver no poder.

Por essas circunstâncias, ao menos na Ucrânia e na Rússia, 2023 não parece tão promissor.

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