O Japão vai instalar uma unidade de defesa antimísseis na ilha de Yonaguni, a mais ocidental do país, localizada a 110 quilômetros de Taiwan. A informação foi antecipada nesta terça-feira (27) pela agência de notícias japonesa Jiji News, que afirmou que a medida faz parte de um plano para expandir um acampamento do Exército japonês na região –administrada pela Prefeitura de Okinawa.
As tensões envolvendo Taiwan se acirraram nesta segunda-feira (26), quando Pequim realizou a maior incursão aérea da história em 24 horas contra as defesas de Taipé: foram 71 aviões de combate no ar, com 47 deles invadindo a chamada linha mediana, que divide a fronteira virtual de Taiwan e da China continental.
De acordo com o jornal Japan Times, o plano orçamentário de 2023 do Ministério da Defesa japonês inclui custos para adquirir 180 mil metros quadrados de um terreno localizado a oeste do acampamento em Yonaguni. A compra teria o objetivo de construir instalações para a unidade de mísseis, incluindo um depósito de munição.
O campo foi criado em 2016 para monitorar as atividades de embarcações e aeronaves na região; o novo plano também prevê a formação de uma unidade destinada a obstruir eventuais comunicações de adversários militares. Hoje, o lugar abriga cerca de 200 soldados japoneses, do Exército e da Aeronáutica.
Ainda conforme o Japan Times, Tóquio também planeja implementar unidades de mísseis em outras regiões da ilhas Nansei –arquipélago onde está localizada Yonaguni. Em Miyako e Amami-Oshima, estruturas com o mesmo objetivo já teriam sido entregues.
No último dia 16, o Japão revelou seu maior reforço militar desde a Segunda Guerra Mundial, com um plano de US$ 320 bilhões destinado à compra de mísseis capazes de atingir a China.
Um orçamento bélico dessa monta, que antes seria impensável no Japão tradicionalmente pacifista, posiciona o país na terceira posição do ranking de maiores gastos militares, atrás apenas de EUA e China.
Umas das justificativas para o aumento passa pela segurança das ilhas japonesas próximas a Taiwan; Tóquio teme que uma eventual invasão da China ao que Pequim vê como uma província rebelde possa ameaçar seus territórios na região.
Em sua Constituição, datada do pós-guerra, o Japão abre mão do direito de guerrear e dos meios para fazê-lo. O novo orçamento militar parece acenar em outra direção, embora Tóquio argumente que todo o investimento previsto é parte de uma estratégia de autodefesa –como o plano divulgado nesta terça.
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