Japão planeja instalar sistema de mísseis de defesa em ilha próxima a Taiwan

Tóquio, que tem ampliado investimentos militares, teme impactos de eventual ação chinesa em ilha que Pequim vê como rebelde

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São Paulo

O Japão vai instalar uma unidade de defesa antimísseis na ilha de Yonaguni, a mais ocidental do país, localizada a 110 quilômetros de Taiwan. A informação foi antecipada nesta terça-feira (27) pela agência de notícias japonesa Jiji News, que afirmou que a medida faz parte de um plano para expandir um acampamento do Exército japonês na região –administrada pela Prefeitura de Okinawa.

As tensões envolvendo Taiwan se acirraram nesta segunda-feira (26), quando Pequim realizou a maior incursão aérea da história em 24 horas contra as defesas de Taipé: foram 71 aviões de combate no ar, com 47 deles invadindo a chamada linha mediana, que divide a fronteira virtual de Taiwan e da China continental.

Soldados do Exército do Japão manuseiam sistemas de lançamento de mísseis durante exercício na base aérea americana de Yokota, no oeste de Tóquio
Soldados do Exército do Japão manuseiam sistemas de lançamento de mísseis durante exercício na base aérea americana de Yokota, no oeste de Tóquio - Toru Yamanaka - 29.ago.17/AFP

De acordo com o jornal Japan Times, o plano orçamentário de 2023 do Ministério da Defesa japonês inclui custos para adquirir 180 mil metros quadrados de um terreno localizado a oeste do acampamento em Yonaguni. A compra teria o objetivo de construir instalações para a unidade de mísseis, incluindo um depósito de munição.

O campo foi criado em 2016 para monitorar as atividades de embarcações e aeronaves na região; o novo plano também prevê a formação de uma unidade destinada a obstruir eventuais comunicações de adversários militares. Hoje, o lugar abriga cerca de 200 soldados japoneses, do Exército e da Aeronáutica.

Ainda conforme o Japan Times, Tóquio também planeja implementar unidades de mísseis em outras regiões da ilhas Nansei –arquipélago onde está localizada Yonaguni. Em Miyako e Amami-Oshima, estruturas com o mesmo objetivo já teriam sido entregues.

No último dia 16, o Japão revelou seu maior reforço militar desde a Segunda Guerra Mundial, com um plano de US$ 320 bilhões destinado à compra de mísseis capazes de atingir a China.

Um orçamento bélico dessa monta, que antes seria impensável no Japão tradicionalmente pacifista, posiciona o país na terceira posição do ranking de maiores gastos militares, atrás apenas de EUA e China.

Umas das justificativas para o aumento passa pela segurança das ilhas japonesas próximas a Taiwan; Tóquio teme que uma eventual invasão da China ao que Pequim vê como uma província rebelde possa ameaçar seus territórios na região.

Em sua Constituição, datada do pós-guerra, o Japão abre mão do direito de guerrear e dos meios para fazê-lo. O novo orçamento militar parece acenar em outra direção, embora Tóquio argumente que todo o investimento previsto é parte de uma estratégia de autodefesa –como o plano divulgado nesta terça.

Com Reuters 

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