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Peru declara estado de emergência em meio a protestos após tentativa de golpe

Medida prevê que Forças Armadas se juntem a polícia na segurança; Ministério Público pede 18 meses de prisão preventiva a Castillo

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Lima | AFP e Reuters

O governo do Peru decretou estado de emergência de 30 dias nesta quarta-feira (14), em resposta aos protestos que vêm ganhando corpo e se espalhando pelo país desde a tentativa de golpe do agora ex-presidente Pedro Castillo. No início da semana, a presidente Dina Boluarte já havia estabelecido a medida em três regiões no sul do país —Arequipa, Apurímac e Ica.

O anúncio de agora foi feito por Alberto Otárola, chefe da pasta da Defesa. O decreto faz com que as Forças Armadas se juntem à polícia para garantir a manutenção da segurança pública, além de suspender certos direitos, como a liberdade de ir e vir e de reunião e a inviolabilidade do domicílio.

Policiais escoltam apoiadores do ex-presidente Pedro Castillo durante manifestação em Arequipa, no Peru - Diego Ramos - 14.dez.22/AFP

Segundo o ministro, a ação representa uma resposta à violência que os apoiadores de Castillo demonstraram em atos realizados na última semana, em especial em áreas rurais e de mineração no sul do país —reduto político do ex-presidente.

Manifestantes que reivindicam a libertação de Castillo e a dissolução do Parlamento bloquearam estradas, atearam fogo a edifícios e invadiram aeroportos. Ao menos sete pessoas, incluindo dois menores de idade, morreram em confrontos com a polícia.

Os protestos se espalharam após a destituição de Castillo, há exatamente uma semana. Eleito no ano passado, o líder populista foi preso depois de tentar dissolver o Congresso, em mais um capítulo da crise política permanente que a nação andina enfrenta há pelo menos seis anos.

Dina, que era sua vice, assumiu. Vista como traidora pelos apoiadores do populista, ela busca apaziguar a população negociando a antecipação das eleições gerais de julho de 2026 para abril de 2024.

Também nesta quarta, a Promotoria pediu à Suprema Corte para que estenda a prisão preventiva de Castillo a 18 meses. O Ministério Público, que o acusa de rebelião e conspiração, pede a manutenção de sua condição para impedir que ele interfira na investigação ou tente deixar o país. Castillo e seus advogados alegam que as acusações são infundadas.

A Suprema Corte do Peru chegou a se reunir para considerar o pedido, mas depois suspendeu a sessão e a remarcou para sexta-feira.

Enquanto isso, o líder populista segue detido na sede da Diroes (Direção Nacional de Operações Especiais), em Lima. Acreditando que seria solto às 13h42, ele havia convocado seus apoiadores a se reunirem com ele no local.

"Espero todos vocês na Diroes para abraçá-los", disse em uma das muitas mensagens escritas à mão que tem sido postadas em seu perfil no Twitter. Em todas, ele assina como "presidente constitucional do Peru". Especialistas afirmam, no entanto, que Castillo não pode ser solto até que a Suprema Corte analise a solicitação dos promotores.

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