Descrição de chapéu Governo Biden América Latina

Suprema Corte dos EUA mantém medida de Trump que permite expulsar imigrantes

Norma da pandemia deveria ser extinta nesta quarta, mas estados republicanos intervieram

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washigton | AFP e Reuters

A Suprema Corte dos Estados Unidos bloqueou nesta segunda-feira (19) a suspensão iminente de uma norma sanitária utilizada durante a pandemia para expulsar migrantes na fronteira com o México. A medida, conhecida como Título 42 e herdada do governo do presidente republicano Donald Trump, segue sendo aplicada sob o democrata Joe Biden.

O presidente do tribunal, John Roberts, assinou uma ordem que suspende temporariamente a extinção da medida, prevista inicialmente para esta quarta-feira (21). A norma, instalada no início da pandemia, permitiu às autoridades empregarem protocolos anticovid para impedir a entrada de milhões de migrantes em território americano —eles eram expulsos sem a chance de pedir asilo.

Migrantes da Venezuela esperam em Ciudad Juárez, no México, a suspensão do Título 42, antes de cruzarem a fronteira - Patrick T. Fallon - 19.dez.22 / AFP

Roberts agiu em resposta à uma demanda de última hora de 19 procuradores gerais de estados republicanos, que na segunda pediram que o Supremo, de maioria conservadora, analisasse o caso. Os representantes argumentam que o fim do Título 42 provocaria uma avalanche de migrantes que sobrecarregaria os governos estaduais.

Os procuradores citam o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês), que prevê que as travessias da fronteira por migrantes, a maioria dos quais buscam asilo, podem triplicar para 18 mil por dia. De acordo com os governadores, isso aumentaria os custos estaduais com educação, saúde e com a própria aplicação da lei.

O DHS reagiu à decisão judicial afirmando que "o Título 42 permanecerá vigente neste momento e as pessoas que tentarem entrar ilegalmente nos Estados Unidos continuarão sendo expulsas para o México".

Na sexta-feira (16), um tribunal de apelações de Washington havia decidido que a manutenção do Título 42, implementado em março de 2020 na tentativa de conter a pandemia de coronavírus, não se justifica. A decisão veio em resposta à uma ação movida por uma organização que luta pelos direitos dos migrantes.

Do ponto de vista de saúde pública, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) afirmou que a medida não era mais necessária. O governo Biden também já disse querer seu fim, mas afirmou que irá acatar a decisão judicial.

De acordo com ativistas em direitos humanos, o Título 42 viola o direito internacional. Os especialistas acreditam ser "desumano" impedir que alguém peça asilo e garantem que isso encoraja os migrantes a arriscar suas vidas. Um total de 557 mortes foram registradas na fronteira com o México em 2021, o ano mais letal desde que as estatísticas começaram a ser registradas, em 1998.

Os congressistas conservadores rapidamente elogiaram a decisão judicial, com alguns pedindo que o Título 42 se torne lei. O líder republicano da Câmara, Kevin McCarthy, se disse "feliz em ver a Suprema Corte injetar um pouco de sanidade na situação".

A Casa Branca vinha se preparando para o término da medida. Segundo disse a porta-voz Karine Jean-Pierre na segunda, o governo Biden pleiteava mais de US$ 3 bilhões do Congresso para despesas com funcionários, tecnologia, instalações de detenção de migrantes e transporte na fronteira com o México para quando o Título 42 fosse extinto.

Além disso, funcionários do governo Biden vinham discutindo em particular vários planos no estilo Trump para dissuadir as pessoas de tentarem cruzar a fronteira, dentre os quais uma proibição a adultos solteiros de buscarem asilo e um plano de processo de deportação acelerado.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.