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Captura de filho de El Chapo no México deixa 29 mortos e clima de tensão nas ruas

AMLO aumenta efetivo militar em Sinaloa, e EUA pedem extradição de Ovidio Guzmán

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Culiacán (México) | AFP

Ao menos 29 pessoas morreram na operação policial para prender Ovidio Guzmán, filho do notório narcotraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán, afirmou o governo do México nesta sexta-feira (6).

Das vítimas, 10 eram militares e as outras 19 foram identificadas como supostos criminosos. Também ficaram feridos 35 soldados e houve 21 outras detenções. Nenhum civil, de acordo com a versão do governo, ficou ferido.

Carro incendiado em rua de Culiacán, no estado de Sinaloa, durante operação para prender o filho de Joaquin 'El Chapo' Guzman, Ovidio Guzmán
Carro incendiado em rua de Culiacán, no estado de Sinaloa, durante operação para prender o filho de Joaquin 'El Chapo' Guzman, Ovidio Guzmán - Juan Carlos Cruz - 5.jan.23/AFP

Durante os confrontos com a polícia, nesta quinta (5), o cartel de Sinaloa, ao qual Guzmán está ligado, também atirou em um avião com passageiros e em duas aeronaves da Força Aérea mexicana. As aeronaves tiveram de suspender a decolagem e fazer pousos de emergência, respectivamente, mas nenhum dos episódios deixou feridos.

Guzmán foi capturado em Culiacán, no estado de Sinaloa, num episódio que provocou enfrentamentos entre criminosos e forças policiais. A prisão ocorre poucos dias antes da visita do presidente dos EUA, Joe Biden, e do premiê do Canadá, Justin Trudeau, ao país liderado por Andrés Manuel López Obrador.

AMLO, acrônimo pelo qual o líder mexicano é conhecido, afirmou durante sua tradicional entrevista coletiva diária —a chamada "mañanera"— que a prisão de Ovidio não está relacionada à chegada de Biden e que não houve colaboração de Washington. "Atuamos com autonomia", afirmou o esquerdista.

A violência se concentrou em torno de Culiacán, lar do cartel de drogas que El Chapo chefiava antes de sua captura em 2016 e posterior extradição para os EUA. No país, foi condenado a prisão perpétua e ao pagamento de US$ 12,6 bilhões, que seria o valor obtido ao vender drogas nos EUA.

O secretário de Defesa mexicano, Luis Cresencio Sandoval, informou que haverá presença maciça de agentes de segurança em Sinaloa para proteger civis, com mais de mil militares chegando à região nesta sexta. O Aeroporto Internacional de Culiacán, que estava fechado, já reabriu para passageiros.

Segundo o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, os EUA já solicitaram a extradição de Ovidio. O tema irá para análise da Justiça, e, segundo ele, o governo americano terá de quatro a seis semanas para apresentar provas que justifiquem a medida.

Ovidio é acusado nos EUA de tráfico de cocaína, metanfetamina e maconha. O departamento de Estado americano disse que ele supervisionava laboratórios de produção de drogas e que ordenou diversos assassinatos, incluindo o de um popular cantor que se recusou a se apresentar em seu casamento.

Líder da facção Los Menores, o filho de El Chapo já havia sido detido no México em outubro de 2019. O governo de AMLO, porém, o soltou horas depois, pressionado pelas cenas de violência que se desenrolaram nas ruas. Na ocasião, o mexicano justificou que "capturar um criminoso não pode valer mais que a vida das pessoas".

Agora, o presidente diz que as forças de segurança conduziram uma operação "completamente distinta", uma vez que foi colocada em prática na periferia, não no centro de Culiacán, densamente povoado.

O cartel de Sinaloa é considerado pelo DEA, o órgão federal dos EUA responsável por controle de narcóticos, o principal responsável pelo tráfico de fentanil, droga 50 vezes mais potente que a heroína e que tem sido responsável por inúmeros casos de overdose no país.

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança dos EUA, afirmou a repórteres na Casa Branca nesta sexta que o fentanil estará no centro das conversas que Biden terá com AMLO e Trudeu —ao lado de tópicos como a migração e a emergência climática.

Questionado sobre a prisão do filho de El Chapo, ele disse que a operação é uma conquista significativa das autoridades mexicanas, mas que o problema do fluxo de drogas ingressando em território americano ainda precisa ser combatido.

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