O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, destituiu um de seus ministros neste domingo (22), cumprindo decisão da Suprema Corte em meio a uma crise com o Judiciário por uma proposta de reforma na área.
Comprometendo-se a encontrar "todos os meios legais" para manter Aryeh Deri em cargos públicos no futuro, segundo uma transcrição oficial da reunião semanal do gabinete de governo, Bibi, como o primeiro-ministro é conhecido, comunicou a saída do aliado da chefia das pastas do Interior e da Saúde.
Barak Seri, um confidente de Deri, disse à Rádio do Exército neste domingo que os ministérios seriam mantidos com membros do partido judaico ultraortodoxo Shas, que seguirá na coalizão governista.
Na semana passada, a Suprema Corte determinou que Netanyahu demitisse Deri devido a uma condenação anterior por fraude fiscal —ele confessou o crime no ano passado, como parte de um acordo para escapar da prisão. A decisão provocou um intenso debate em Israel, seguido de protestos em todo o país em razão da controversa proposta de reforma judicial que permitiria, entre outras medidas, que o Parlamento israelense derrubasse decisões da Suprema Corte por meio de votação com maioria simples.
Uma pesquisa do jornal Israel Hayom mostrou que 35% dos ouvidos apoiam o projeto do premiê para mudar o sistema de nomeações à corte, enquanto 45% são contrários à proposta. Apenas 26% são favoráveis à ideia de que o Knesset, o Parlamento do país, possa sobrepor decisões do tribunal.
Ainda segundo a transcrição da reunião, Netanyahu descreveu a decisão da Suprema Corte como "lamentável" e "indiferente à vontade pública". A coalizão religioso-nacionalista sofreu outra rachadura ao ver um aliado de extrema direita boicotar o encontro do gabinete em protesto contra a demolição, na última sexta, de um pequeno posto avançado de colonos que havia sido erguido na Cisjordânia ocupada.
O ministro da Defesa, Yoav Galant, membro do partido do premiê, o Likud, ordenou que o posto fosse destruído por não ter licença de construção —apesar das objeções do partido Sionista Religioso, que tentou adiar a decisão. O incidente colocou Galant contra Bezalel Smotrich, líder da sigla, que condicionou alguns controles sobre os assentamentos na Cisjordânia à participação na coalizão de Netanyahu.
"Os assentamentos são uma questão crucial para a participação no governo", disse o ministro de Missões Nacionais, Orit Strock, do Sionismo Religioso. Ela se recusou a detalhar que passos o partido pode tomar.
Em apoio à legenda liderada por Smotrich, a sigla Otzma Yehudit (poder judaico), também parte da aliança governista e também de posições de extrema direita, afirmou que exigirá a evacuação há muito adiada de Khan al-Ahmar, acampamento beduíno palestino numa área importante da Cisjordânia perto de Jerusalém.
Potências globais exortaram Israel a não demolir Khan al-Ahmar, devido ao temor de outro possível golpe nos esforços para negociar a criação de um Estado palestino. A maior parte da comunidade internacional considera ilegais os assentamentos de Israel na Cisjordânia ocupada.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.