Um grupo de parlamentares peruanos apresentou nesta quarta-feira (25) uma moção que busca destituir a presidente do Peru, Dina Boluarte, no poder há pouco mais de um mês e meio. Segundo documento obtido pela agência de notícias Reuters, os parlamentares acusam Dina de "incapacidade moral permanente".
O pedido se dá em meio a incessantes e violentos protestos que tomam as ruas do país desde 7 de dezembro, quando o ex-presidente Pedro Castillo foi destituído e preso por tentar um golpe de Estado. Desde então, os atos deixaram mais de 50 mortos e centenas de presos.
A moção foi assinada por ao menos 28 congressistas de esquerda que apoiam Castillo. Eram necessárias ao menos 26 assinaturas, correspondentes a 20% do Congresso, para que a solicitação fosse submetida.
Agora, a medida precisa ser aprovada com pelo menos 52 votos para que possa ser debatida na Casa. Para seguir adiante, ainda precisará do apoio de dois terços dos parlamentares.
"Nunca na história do Peru um governo com tão pouco tempo —um mês— matou mais de 40 pessoas em protestos", afirma o texto da moção, acusando Dina de permitir abusos e uso desproporcional de força por parte da polícia e do Exército na repressão aos atos, entre outras acusações.
O gabinete da presidente não respondeu a um pedido de comentário. A ação do governo para coibir os protestos tem gerado reações e outras acusações de abusos.
No último dia 10, o Ministério Público anunciou a abertura de investigação preliminar sobre diversas autoridades, incluindo Dina e seu premiê, Alberto Otárola, suspeitos de terem cometido os crimes de genocídio, homicídio qualificado e lesões graves. Dias depois, uma deputada apresentou ao Parlamento uma denúncia constitucional contra todo o gabinete, também citando os delitos de homicídio e lesões na região de Puno.
Pesquisa do Instituto de Estudos Peruanos aponta que 71% da população reprova a forma como Dina conduz o governo. Apenas 19% dos cidadãos disseram que apoiam a gestão –os dados foram divulgados pelo jornal La República.
Nas últimas semanas, o governo peruano decretou estado de emergência em quatro províncias e três regiões do país e fechou o acesso turístico a Machu Picchu, alegando motivos de segurança devido aos protestos que pedem a renúncia da presidente.
Os atos, que se espalham pelo país desde a saída de Castillo, que tentou aplicar um golpe, pedem a destituição de Dina, a dissolução do Parlamento e a convocação imediata de eleições. A presidente tenta costurar um acordo para antecipar o pleito de 2026 para 2024. Em entrevista recente, ela pediu uma trégua ao país, mas fez acusações contra manifestantes, e culpou Castillo por promover a polarização política no país.
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