Ato em memória de vítimas de protestos no Peru deixa quase 50 feridos

Manifestação na cidade de Juliaca, no sul, relembrou 18 mortos em confronto relacionado a atos contra Dina Boluarte

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Juliaca | AFP

Quase 50 pessoas ficaram feridas nesta quinta-feira (9) no Peru em confronto com forças policiais durante manifestação na cidade de Juliaca, no sul do país, a cerca de 1.200 km da capital Lima.

O ato foi organizado por moradores em memória de 18 pessoas mortas há um mês na mesma cidade em protesto pela renúncia da presidente Dina Boluarte, em meio a mobilizações contra a líder e convocadas por partidários do ex-presidente Pedro Castillo, preso após tentativa fracassada de golpe de Estado.

Manifestante ferido em Juliaca, na província de Puno, no sul do Peru, nesta quinta-feira (9)
Manifestante ferido em Juliaca, na província de Puno, no sul do Peru - Juan Carlos Cisneros - 9.fev.23/AFP

Inicialmente pacífico, o ato se transformou em confronto após a polícia dispersar manifestantes que tentaram entrar no aeroporto Inca Manco Cápac, mesmo local onde as 18 pessoas foram mortas.

A dispersão com uso de gás lacrimogêneo provocou ferimentos, fraturas, intoxicação e insuficiência respiratória em 23 pessoas, de acordo com um relatório oficial. Entre os feridos estão três menores de idade —um dos quais foi ferido por arma de fogo, segundo o texto.

A polícia afirmou que 25 agentes se feriram. O protesto não foi o único no dia: em Lima, cerca de 2.000 sindicalistas marcharam em direção ao Congresso, mas não houve conflito com policiais.

Em Juliaca, parentes e amigos das 18 vítimas de janeiro lamentavam a morte dos familiares e gritavam palavras de ordem contra Dina, como "o sangue derramado jamais será esquecido" e "quantos mortos você quer para renunciar?". "Tiraram meu filho de mim. Você não pode pagar pela vida do meu filho", disse a vendedora ambulante Faustina Huanca, 57, à agência de notícias AFP.

No último dia 4, o Congresso peruano bloqueou debates sobre a antecipação de eleições nos próximos cinco meses, proposta feita pela própria presidente, barrando a substituição de Dina e dos parlamentares.

Antes de ser preso, Castillo deveria cumprir o mandato até 2026. Dina era sua vice e assumiu um país já convulsionado por trocas constantes de presidentes —foram seis mandatários em seis anos antes de a atual presidente assumir— e um governo frágil e acuado pelas seguidas manifestações.

Até o fim de janeiro, o número de mortos nos atos chegava a quase 60. A maioria dos atos ocorreu no sul do país, mas alguns chegaram à capital em caravanas e foram apelidados de "tomada de Lima".

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