Envenenamento no Irã gera acusação de tentativa de fechar escolas femininas

Casos de intoxicação começaram no fim de novembro, e algumas alunas foram hospitalizadas

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Teerã (Irã) | AFP

Centenas de estudantes de escolas femininas na cidade de Qom, no centro do Irã, foram envenenadas nos últimos meses, em uma onda de ataques cujos autores, de acordo com o vice-ministro da Saúde do país persa, em declaração neste domingo (26), buscariam o fechamento dos centros de ensino.

Desde o final de novembro, a mídia iraniana reporta dezenas de episódios de intoxicação respiratória de alunas —algumas delas chegaram a ser hospitalizadas. Os casos levaram os pais a se manifestarem em 14 de fevereiro em frente ao prédio da administração da cidade para exigir explicações das autoridades.

Mulheres caminham em um parque em Teerã, capital do Irã
Mulheres caminham em um parque em Teerã, capital do Irã - 27.set.22/AFP

No dia seguinte, o porta-voz do regime Ali Bahadori Jahromi anunciou que as pastas de Inteligência e Educação estavam cooperando para descobrir a origem dos casos. Com base nessas investigações, o vice-ministro da Saúde, Younes Panahi, confirmou que o envenenamento das alunas era intencional.

"Descobriu-se que certos indivíduos queriam que todas as escolas, em particular as femininas, fechassem", disse a autoridade, sem anunciar nenhuma prisão. O envenenamento, afirmou ele, foi causado por substâncias que não são de uso exclusivamente militar. Ele não deu mais detalhes.

Segundo o jornal britânico The Independent, ao menos 14 escolas foram afetadas pelos ataques, incluindo unidades de Teerã e de Ardebil. Qom, onde o primeiro caso foi reportado, abriga o clero do país.

Ainda reverberam no Irã os protestos do final do ano passado, que se espalharam pela nação persa depois da morte de Mahsa Amini. A jovem curda de 22 anos foi detida pela polícia moral por supostamente violar as normas de vestimenta do regime. Autoridades dizem que ela tinha problemas de saúde preexistentes, o que teria provocado o óbito, mas a família sustenta que ela foi agredida na prisão.

A insatisfação já crescia antes mesmo da morte de Mahsa, quando vídeos que mostraram a polícia moral arrastando mulheres para vans e levando-as à força a centros de reeducação revoltaram a população.

Na conta da agência ativista HRANA, ao menos 507 manifestantes foram mortos pela polícia e por militares, incluindo 69 menores de idade, além de 66 agentes das forças de segurança. Em relação aos detidos, seriam mais de 18,5 mil —a maioria dos quais já foi solta, na versão do regime. A organização afirma ainda que ao menos cem manifestantes correm o risco de serem executados.

O regime alega que as manifestações são estimuladas por agentes estrangeiros, incluindo os EUA, e que a repressão visa a preservar a soberania nacional.

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