Novo terremoto na Turquia mata um e deixa dezenas de feridos

Órgão turco já registrou quase 10 mil tremores secundários após tremores de 6 de fevereiro

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Osmaniye e Istambul | AFP e Reuters

Pelo menos uma pessoa morreu e 69 ficaram feridas depois de um terremoto de magnitude 5,6 e profundidade de 6,15 km atingir o leste da Turquia nesta segunda-feira (27), segundo a Afad, órgão turco de gestão de emergências e desastres. Vários prédios já danificados desabaram com o novo tremor.

Após um terremoto no início do mês deixar mais de 44 mil mortos no país e quase 6.000 na Síria, a região convive com tremores secundários. O epicentro do sismo desta segunda-feira foi o distrito de Yesilyurt, na província de Malatya, ao sudeste do país —perto da já castigada área de Gaziantepe.

Equipes de resgate buscam sobreviventes após novo terremoto atingir a Turquia nesta segunda (27)
Equipes de resgate buscam sobreviventes após novo terremoto atingir a Turquia nesta segunda (27) - Demiroren News Agency via AFP

O prefeito da cidade de Yesilyurt disse à emissora Habertürk que um pai e sua filha ficaram sob os escombros de um prédio desabado após voltarem para casa para tentar recuperar pertences pessoais. Também em Malatya, uma equipe de resgate retirou um homem dos destroços, amarrado a uma maca, mostraram imagens da CNN Turquia. Uma mulher também foi resgatada do mesmo edifício colapsado.

A Afad registrou quase 10 mil tremores secundários após o sismo de 6 de fevereiro —45 com magnitudes entre 5 e 6. Nesta segunda, o Banco Mundial estimou em US$ 34,2 bilhões (R$ 177,7 trilhões) os danos diretos provocados pelos terremotos na Turquia, com a ressalva de que os custos de reconstrução podem chegar ao dobro da cifra. Um balanço referente aos danos na Síria será divulgado nesta terça-feira (28).

Neste domingo (26), torcedores do clube turco de futebol Besiktas jogaram milhares de brinquedos no campo em partida contra o Antalyaspor, numa ação para doar os itens a crianças afetadas pela tragédia.

No início da semana passada, terremotos secundários já haviam provocado outras seis mortes. Os tremores, de magnitudes 6,4 e 5,8, levaram cerca de 300 pessoas à hospitalização. Já na região de Aleppo, na Síria —uma das mais devastadas pela guerra civil que assola o país há mais de 12 anos—, havia ao menos 150 feridos, segundo estimativa feita pelos Capacetes Brancos, que atuam em áreas rebeldes.

Quase 173 mil prédios foram danificados, de acordo com a imprensa local, e as autoridades turcas abriram uma investigação criminal devido ao colapso dos edifícios —já foram presas 184 pessoas suspeitas de cumplicidade no desabamento dos prédios. Após o último tremor, a Afad emitiu um novo aviso alertando às pessoas para não entrar ou ficar perto de prédios danificados na zona do terremoto.

A tragédia acontece meses antes das eleições, marcadas para junho, e impõe um desafio a Recep Tayyip Erdogan, que lidera o país há duas décadas. Uma delegação do Alto Conselho Eleitoral da Turquia deve visitar a área atingida nesta segunda para produzir um relatório sobre a viabilidade da votação na região.

O governo culpa empreiteiros e construtores pelo desabamento de vários prédios durante o sismo, acusando-os de não cumprir códigos implementados após um desastre semelhante em 1999.

O que o líder turco não cita é que, em 2018, o governo que comanda concedeu anistia a responsáveis por construções irregulares pouco antes das eleições daquele ano. A medida fazia parte de um pacote de perdão de dívidas, e bastava aos proprietários de imóveis com alguma anormalidade se inscrever em um site no qual eram solicitados documentos pessoais e informações do imóvel, além de pagar uma taxa que seria calculada de acordo com o valor da construção e da área. Assim, o imóvel seria considerado regularizado, teria multas perdoadas e poderia acessar as redes de energia, água e gás.

Em uma entrevista coletiva nesta segunda, na província de Adiyaman, uma das mais afetadas pelo desastre, Erdogan reconheceu as falhas de seu governo na resposta ao terremoto.

"Nos primeiros dias, não conseguimos realizar o trabalho com a eficiência que queríamos em Adiyaman, por razões como o impacto destrutivo dos tremores, o clima adverso e os desafios causados pelos danos à infraestrutura", disse o presidente, pedindo a compreensão dos moradores.

Ele refez a promessa de reconstruir a cidade rapidamente. Após a conclusão dos trabalhos preliminares, 309 mil casas começaram a ser reconstruídas. Em março e abril, sustenta o presidente turco, o foco será a reconstrução de outras 234 mil residências —além de centros médicos e parques.

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