Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia abate balões espiões russos no céu de Kiev

Evidenciado pela crise dos óvnis entre EUA e China, uso de artefatos tem aumentado na guerra

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São Paulo

Colocado em evidência pela crise dos óvnis entre EUA e China, o uso militar de balões tem se intensificado na Guerra da Ucrânia. Só nesta quarta (15), seis artefatos espiões russos foram abatidos no céu de Kiev.

Não há nenhuma correlação entre o episódio e a derrubada de balões pelos EUA em seu território e no Canadá, o que disparou uma crise diplomática com Pequim —dona de pelo menos um dos flutuantes, que disse ser apenas de uso meteorológico e estar fora de sua rota.

Rastro de míssil de defesa antiaérea é visto no céu de Kiev na quarta, dia em que balões foram abatidos
Rastro de míssil de defesa antiaérea é visto no céu de Kiev na quarta, dia em que balões foram abatidos - Gleb Garanitch - 15.fev.23/Reuters

No caso ucraniano, a função dos balões era bem específica. "Esses objetos carregam refletores de radar e algum equipamento de inteligência. O propósito [dos artefatos] era possivelmente detectar e exaurir nossas defesas antiaéreas", afirmou no Telegram a Administração Militar da Cidade de Kiev.

Refletores de radar são instrumentos muito simples, criados em 1945 nos EUA e usados na Guerra Fria. São desenhados para devolver uma onda de radar para a fonte de emissão, reforçando seu sinal e posição —assim, os russos detectam onde estão radares de baterias antiaéreas para futuro bombardeio.

Além disso, por constituírem uma ameaça baratíssima, são ideais para fazer os ucranianos desperdiçarem munição antiaérea tão necessária nesta fase aguda da guerra, que completa um ano no próximo dia 24.

O episódio se soma ao avistamento de balões na Moldova e na Romênia, de origem desconhecida mas que os governos locais assumiram como russos, nesta semana. No caso moldavo, o espaço aéreo do pequeno país chegou a ser fechado.

Apesar do burburinho devido à crise entre EUA e China, não há nada de novo sobre uso de balões em conflitos e espionagem. Nos anos 1960, os soviéticos passaram a enviar sistemas antiaéreos para Cuba, ilha que adotou o comunismo e alinhamento com Moscou após a revolução liderada por Fidel Castro ser atacada pelos EUA com embargo e uma invasão frustrada.

A CIA, a agência de inteligência americana, criou as chamadas operações Paládio, na qual submarinos soltavam balões com refletores justamente para ajudar seus sensores a localizar o sinal de radar das baterias antiaéreas soviéticas.

Os refletores também são usados para confundir radares e sensores inimigos. Na guerra atual, os russos criaram uma solução engenhosa para evitar o bombardeamento de pontes estratégicas usadas para envio de reforços, como mostrou o site The War Zone. Quando a principal ponte da região de Kherson ficou sob fogo de artilharia guiada americana usada por Kiev, a Rússia instalou boias com refletores no rio Dnieper para criar uma ponte fantasma para os radares, dificultando a mira dos ucranianos.

Acabou não sendo suficiente para evitar que os russos deixassem a margem oeste do rio e a capital homônima da região, mas demonstra que a ideia simples segue tendo validade no campo de batalha.

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