"Nunca perdoaremos" as mortes em Butcha, disse o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, por ocasião do primeiro aniversário da retirada russa da cidade, nesta sexta-feira (31). "Trinta e três dias de ocupação (...) Símbolo das atrocidades do país ocupante", definiu.
Seus nomes eram Mitchka, Maxim ou mesmo Volodimir. Eles eram trabalhadores da construção civil, amantes da música clássica, pais, todos civis. Quando as forças russas recuaram de Butcha, em 31 de março de 2022, um mês após o lançamento da invasão do país por ordem do presidente Vladimir Putin, as tropas deixaram muitos cadáveres para trás. Vinte corpos de homens em trajes civis foram descobertos em 2 de abril na rua Iablunska, um dos quais estava com as mãos amarradas nas costas. Essas imagens chocaram o mundo.
No total, segundo estimativas ucranianas, cerca de 400 corpos de civis foram encontrados em Butcha e mais de 1.000 na região, muitos deles em valas comuns cavadas pelos habitantes, quando a brutalidade dos combates tornava os cemitérios inacessíveis.
Em setembro de 2022, outros corpos exumados em Izium, no leste, com sinais de tortura, voltaram a chocar a comunidade internacional. O anúncio da descoberta macabra suscitou uma nova onda de indignação no Ocidente.
Documentando crimes de guerra
Durante sua visita ao local, dois dias após a descoberta das valas em Butcha, Zelenski, visivelmente consternado, denunciou "crimes de guerra" que deveriam ser "reconhecidos pelo mundo como genocídio". Desde então, quase todos os líderes estrangeiros que visitaram a Ucrânia fizeram questão de ir a Butcha. Na semana passada, o primeiro-ministro japonês , Fumio Kishida, expressou seu "forte sentimento de indignação" ao visitar o local.
Desde então, os responsáveis por esses crimes de guerra foram identificados: são soldados do 234º Regimento de Paraquedistas, segundo investigações do jornal The New York Times. Se eles serão julgados ou não, essa é a questão. Porque Butcha também se tornou sinônimo da investigação de crimes de guerra. "Vamos punir todos os culpados", prometeu o presidente Zelenski, nesta sexta.
Os aliados de Kiev, incluindo a França, enviaram reforços ao local para apoiar a polícia ucraniana. A tarefa é hercúlea: centenas de cadáveres foram exumados de valas comuns em Butcha, mas também em outras cidades após a libertação dos russos, como Kherson, no sul. Nunca em um conflito as atrocidades foram documentadas com tanta intensidade em tempo real. Este é um passo essencial para que a justiça seja feita um dia.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.